Um dos melhores livros que pude ler nesse ano tem 167 páginas e se chama "A Música Desperta o Tempo", do maestro e pianista Daniel Barenboim. Mais do que falar de música, ele fala da nossa vida com música:
"Infelizmente, o ser humano tem a tendência de impregnar objetos com autoridade moral, de modo a não assumir responsabilidades para si mesmo. A faca é um objeto com o qual se pode cometer um assassinato - sendo, por isso, imoral - ou é um objeto que pode cortar o pão que alimentará alguém - sendo, por isso, um instrumento da generosidade humana? É o uso destinado a ela pelo homem que determina suas qualidades morais" (p.44).
"Um ouvido educado desenvolve a capacidade de separar o conteúdo da música das sensações que se aprende a associar a ela (p. 109)".
"Na verdade, não há nenhuma justificativa para privar as pessoas que afortunadamente não sofrem dessas terríveis associações da possibilidade de ouvir a sua música" (p. 113).
"Numa sociedade democrática, a decisão de permitir ou proibir a execução de determinada música deve ser individual, e não ditada pela lei, ou, ainda pior, ser resultado de um tabu. A lei ao menos resulta de indagações racionais, ao passo que um tabu é resultado do senso comum, de um sentimento subconsciente cuja origem é, muitas vezes, a ignorância ou o medo" (p. 113-4)
Importante: duvido que o maestro Barenboim vá concordar com todas as relações entre música, gosto, cultura e mídia que nós leitores ficamos dispostos a fazer depois de ler esses trechos do livro.
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