Noutro dia vi o seguinte slogan: Mais Deus e menos religião.
Talvez quisessem dizer que:
1) A religião tem um currículo de perseguições e intolerância, o que permitiria às pessoas atacarem-na como o pior dos males que afligem o homem. Deus, ao contrário, não estaria presente na religião, pois sendo Deus amor, e a religião o oposto do amor, logo Deus é melhor que religião.
2) A religião estaria reduzida ao ritualismo formal, o que obstrui a aproximação do indivíduo desejoso de ser mais amigo de Deus. O formalismo impede o contato mais íntimo, mais caloroso, mais emocional com a divindade e, sendo Deus o Pai de todos, o ritual só apresenta Deus em símbolo abstrato, nunca como o Pai que abraça o filho.
A toada queixosa contra a religião pode ocupar todos os megabytes do Gúgol e ainda vai faltar espaço. Acontece que a noção de religião passou a ser confundida com a noção de igreja. Acontece que os lobos e lobistas em pele de cordeiro andam aos bandos iludindo quem quer e quem não quer ser iludido com falsos milagres e promessas de prosperidade. A religião passou a receber os epítetos de “vã, falsa, ilusória, autoritária, cega, antiquada, enganadora, covil de ladrões, castradora, repressora, raiz de todos os males”.
Ora dizem que a religião é manca, ora dizem que ela é uma muleta. Quando lhe pespegam dois predicados excludentes como esses é que algo está errado ou com a religião ou com seus críticos (ou pelo menos com a formulação de suas frases). Se a religião é manca, ela não pode ser a muleta. Ela na verdade precisa é de uma. Se ela é muleta, então ela é própria para nós, coxos pecadores.
Nem Javé escapou, aliás, nunca escapou, dos reclamos e acusações de autoritarismo e logo atribuíram a Ele mesmo a culpa pelo pecado do lado de baixo e do lado de cima do Equador. Daí para atacá-lO é só uma vírgula. E atacam-nO como se acreditassem que Deus existe. Vestem o Criador com as podres carapaças da criatura caída, veem maldade onde há um plano misterioso e belo de redenção.
Para tirar Deus dessa “enrascada”, então os próprios religiosos passam a pregar menos religião e mais Deus. Eu, porém, nos recomendo outro slogan: Mais Deus NA religião.
Cristo, e não a religião, é o caminho, a verdade e a vida. Não se chega ao Pai por meio da religião, mas por Cristo. No entanto, não devo mandar o cristianismo para o purgatório de Dante. Não é necessário recriminar a religião por causa dos maus cristãos, muito embora sempre tenhamos o conveniente hábito de elogiar o cristianismo quando vemos as boas aparências de um bom cristão na sã doutrina.
Insisto: Mais Deus na religião. Mais Deus no cristianismo. Não preciso abandonar a igreja porque dou de cara com hipócritas na saída do templo. Preciso primeiro enxergá-los quando me olho no espelho antes de sair de casa para o templo.
Necessitamos urgentemente praticar a única religião pura e sem mácula para com Deus: confortar os órfãos e as viúvas em suas tribulações e guardar-se incontaminado do mundo (Tiago 1: 27 – aproveite e experimente ler desde o versículo 19, com o título de “a prática da palavra de Deus).
Hoje, quinta-feira 21, é o de Dia da Religião. Praticar a palavra de Deus é a religião de todos os dias. Confortar os necessitados e manter-se incontaminado da corrupção do mundo é a religião que traduz um Deus que é amor.
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