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o getsêmani de todos nós

É num jardim, é noite.
Um homem ora. Dilacerado
Chora
Calem a música, desliguem o riso
Um homem chora num jardim

Seus amigos são os galhos
Sua casa está muda
Seu quinhão, as pedras
Sua casa está cega

Que Pai é esse?
Que paisagem é essa?

Não se entra no Getsêmani para colher flores.
Ali, os joelhos se dobram
É onde se grita sem voz
Lá não há para ti um palco iluminado
Ali se entra descalço e sem gravata.

Eu fui ao Getsêmani e não te encontrei
Mas eu orei por ti
Porque todos têm que passar algum dia
De alguma forma pelo jardim

E quando chegares
Virás com os paredes dos sonhos no chão
E verás com outros olhos, com os olhos do céu,
Que o jardim não seca o ribeiro de lágrimas,
Que o jardim é só outro lado da página
Onde leio o sentido da vida com Deus.

o getsêmani de todos nós
Joêzer Mendonça, fins de setembro, pensando nas dores da irmã, lembrando das dores do Irmão.

Comentários

Kelly M. disse…
Lindo...
paulo roberto disse…
Joêzer,

há algum tempo tenho acompanhado a "nota", e gosto muito.
Pelo período de acompanhamento, mesmo sem conhecê-lo, sinto pelo momento que você e sua irmã (aparentemente) passam ou passaram.
Espero que, seja qual for o motivo que originou o poema, ao final as coisas se encaminhem e aumente ainda mais a sua esperança e fé num final feliz.
Admiro muito a forma como você escreve e já o recomendei a minhas filhas, irmãos e sobrinhos.

Abraço

Paulo Roberto
joêzer disse…
caro paulo roberto,
agradeço todas as letras que você escreveu. minha irmã, que deu sua nota ao "nota" no breve comentário acima, passou por cirurgia delicada, mas hoje está melhor.
Anônimo disse…
Grande Joezer.
Me permita fazer o pedido de Publicar este poema em meu blog também...
Muito bonito e tocante. Belíssimo poema...
joêzer disse…
à vontade, thiago.

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