O que leva um roqueiro no auge da fama e da grana a renunciar a tudo isso, dar meia volta e seguir num estilo de vida completamente diferente? E quando essa conversão de rumo é motivada pelo evangelho, pela Bíblia, por Cristo?
A resposta mais fácil é: enlouqueceu, esse homem enlouqueceu. Pois o ex-louco Rodolfo Abrantes deixou a banda de rock hardcore Raimundos para continuar sendo chamado de “louco”. Rodolfo Abrantes era um homem-bomba prestes a se autodestruir pelas drogas. Ele não procurou uma igreja. Mas o evangelho o encontrou. E ele preferiu destituir-se da aparente “sabedoria do mundo” para entrar na aparente “loucura do evangelho”. No vídeo abaixo, o músico fala de sua conversão e de seu novo estilo de vida com uma tranquilidade e uma sinceridade que desarmam qualquer cinismo.
No programa Altas Horas, Serginho Groisman (um apresentador que não constrange seus convidados com joguinhos infantis ou vãs interrupções, diga-se), pergunta a Rodolfo se no seu "rock convertido" só as letras mudaram. Ele responde: “Mudou minha vida inteira. Acho que as letras são só uma consequência de uma vida inteira mudada. Eu acho que com música você expressa aquilo que você é. Nunca acreditei em gente que faz um tipo para alcançar determinado público. Acredito em gente que canta o que vive”.
Rock cristão: o que soa como uma contradição, no testemunho de Rodolfo é uma equação muito simples. Ele diz que o rock é muito bom para transmitir uma ideia, uma mensagem. E essa mensagem não se constitui só de suas novas letras cristãs, mas apresenta sua própria mudança de vida absolutamente radical: “Quando estou ministrando, eu não estou obrigando ninguém a crer no que eu creio; estou dando a oportunidade das pessoas pensarem diferente, e se elas se abrirem, podem experimentar o que na minha opinião foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida”, ele conta.
Eu entendo o que ele está dizendo porque há 15 anos eu também tomei uma decisão semelhante. A banda da qual eu era o tecladista voltava para Belém do Pará após um show; um acidente com o carro que nos levava foi, um tanto literalmente, o ponto de virada. Depois que saí da banda, alguns me chamavam de louco.
Os detalhes dessa minha história ficam para outro dia. Por hora, o que importa é que, quando ouço alguém como o Rodolfo Abrantes falar, eu lembro de onde nasci, onde estive, onde renasci, do que perdi, do que ganhei e onde quero chegar. E percebo a ”loucura da graça e da cruz” que me alcançou e da qual sou ainda terrivelmente imerecedor. Eu te entendo, meu caro Rodolfo. Muita gente te vê, fica perplexa e diz "olha quem está falando do evangelho". Bem-vindo à sábia loucura, meu irmão.
"Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação"; "Pois a loucura de Deus é mais sábia do que a sabedoria humana..." (1 Coríntios 1: 21, 25)
Comentários