De 1910 a 1930, Homer Rodeheaver era o diretor musical do pregador itinerante Billy Sunday. Trinta minutos de música antes do sermão, músicas animadas e de fácil aprendizado, grupo de cantores junto com o regente de louvor: Rodeheaver cunhou um formato litúrgico-musical que não perdeu fôlego até hoje. Ele também foi pioneiro na gravação de música cristã.
O ministério de música foi criado bem antes de Homer Rodeheaver. E o rei Davi foi um ministro de música. Ele era compositor, poeta, harpista e ainda recebeu a missão divina de organizar a música do templo que viria a ser construído por seu filho Salomão.
Imagine alguém que possa comandar um exército em batalhas campais e também dedicar-se a escrever versos de beleza perene. Pois esse era Davi, um guerreiro-poeta. Sem se descuidar das ovelhas que guardava na juventude, ele também passava horas com sua harpa. Quem sabe fabricando suas primeiras canções. Não sobrou nenhuma canção sua para ouvirmos hoje. Mesmo assim, elas deviam ser boas e agradáveis, pois chamaram a atenção dos assessores do rei Saul.
Quando Saul precisou de um músico que lhe acalmasse os ânimos, Davi foi recomendado sem restrições. Veja que antes de ser guerreiro e rei, Davi foi também o primeiro musicoterapeuta de que se tem notícia. Mas não foram só as qualidades musicais de Davi que o recomendaram. Até porque Davi era só um jovem iniciante, um músico do campo, sem intimidade com os corredores de palácios.
Em I Samuel 16:17, Saul pede apenas que lhe tragam “um homem que saiba tocar bem” uma harpa. No versículo seguinte, há uma descrição das características do futuro ministro de música de Israel: “Conheço um filho de Jessé que sabe tocar, é forte e valente, homem de guerra, sisudo em palavras e de boa aparência; e o Senhor é com ele”.
Houve um tempo em que ser o solista ou o pianista não era suficiente. Tinha que ter coração valente e ser senhor das armas. Se bem que, considerando o “boa aparência” do currículo, nem tudo mudou.
Davi era visto como um jovem sensato no falar, alguém que usava as palavras com prudência. Isso pode se referir a sua fala comum, mas também poderia se referir ao trato judicioso e sábio com as letras e versos que colocava em suas canções. Além de poemas e canções, o ministério musical requer canções e poemas sensatos.
Por fim, o mais importante: o Senhor era com ele. Como sabiam que Deus era com Davi? Por sua música, pelos atos de Deus na sua vida, por seu caráter? As pessoas reconhecem essa característica em nós que lidamos com a música nos cultos? Para que as pessoas de sua comunidade religiosa não venham apenas a elogiar sua habilidade musical (“ele/a toca/canta bem”), nem somente sua competência poética (“ele/a escreve bem”), os dirigentes de louvor e músicos cristãos precisam andar em humildade com Deus. Precisam pedir, como na canção de Lineu Soares e Mário Jorge Lima: “usa-me conforme o Teu querer, meu Deus (...) dá-me a tempo e a hora o que deverei dizer / vem limpar o meu coração”.
Ministrar a Palavra é para os pastores, ministrar a Palavra cantada é para os ministros de louvor. Para ser de fato um ministro, não basta entender da teoria musical e da organização da liturgia, mas sobretudo é preciso coragem e sensatez para ministrar músicas de ânimo e de reflexão, canções de alegria e de contrição, hinos que quebrantem o espírito, lembrem da salvação e nos motivem a seguir a jornada cristã.
Isso tudo pode ser feito por qualquer pessoa bem-intencionada e educada musicalmente. Mas só de um ministro de louvor segundo o coração de Deus poderão dizer o que realmente importa ao céu: “o Senhor é com ele”.
Comentários
"Neumoel Stina
Este é um princípio que deve, juntamente com alguns outros, nortear a adoração, tendo a pessoa de Cristo como centro.
O importante da música de adoração é que ela nos conduza ao mais nobre e melhor, que é Jesus.
A música de adoração deve ter um equilíbrio entre os elementos espirituais, intelectuais e emocionais.
A música deve nos conduzir aos pés da cruz.
Tenham todos um ótimo dia."
Um Bom Dia!!