Com a desculpa esfarrapada e descalça de que estou atribulado com o último capítulo da minha honorável dissertação, saquei do fundo do arquivo "meus documentos" essa pouco honorável fábula. Estudantes da graduação ou da pós, e não só eles, espero, vão entender as agruras.
O menino, o velhaco e o burro – uma fábula revista e atualizada
O menino universitário, após uma longa temporada à sombra das raparigas em flor nada proustianas mas em tudo calypseiras, decide que já é hora de crescer e deixar essa vida cruel de passar a semana afogado em números e letras e o fim-de-semana afogado em anônimos beijos atrás do trio elétrico. Mas, esse guerreiro-menino não sairá do templo do saber assim impunemente. Primeiro, é preciso mostrar que aprendeu alguma coisa de útil na vida. É preciso entregar, troçus terribilis, sua monografia. Seu destino acadêmico é: pague para entrar, entregue uma monografia para sair. Não, não, reza braba não dá jeito, o cabra pode ser valente, mas só na lembrança do texto vai chorar.
Nessa ingrata hora de seus infortúnios, surge o único que irá lhe defender: o Google, o labirinto dos insensatos e padrasto de nós todos, onde se vai encontrar o que se quer: muito joio e lá, bem no fundo, escondido e raro, um punhado de trigo. Mas esse trabalho de joeiramento das fontes pesquisadas não é compatível com tanta balada e tão poucos engenhos e, a fim de evitar a fadiga, ele repassa o trabalho para qualquer outro. Não é exatamente qualquer outro, basta qualquer um que saiba tirar essa pedra do meio de seu caminho. É aqui que entra o velho.
O velho não precisa ser um ancião, mas alguém com alguns calejados anos de prática de revisão e correção de rudes esforços estudantis que aceita alguns níqueis para fazer um trabalho que o menino não quer ou não tem tempo para ou não aprendeu a fazer mesmo.
E o burro? Em tempos zoologicamente corretos, não existe ninguém burro, no máximo um indivíduo intelectualmente diferenciado, o que ainda pode constituir grave ofensa aos nossos semelhantes, os muares.
Enfim, o velho vai precisar de energia juvenil para atravessar as noites de claro em claro e o menino se torna um velhaco ao defender o que não sabe diante daqueles que sabem que o menino só pensa que sabe.
Após uma triunfal compilação das idéias alheias, ele sairá do purgatório das defesas de teses por uma das duas saídas: o inferno dos plagiadores ou o paraíso dos compiladores.
Moral mínima, já por muitos conhecida: copiar uma citação é plágio; copiar várias, é monografia.
E se não for monografia é o texto de um blog, como essa minha fábula recheada de citações não-creditadas.
O menino universitário, após uma longa temporada à sombra das raparigas em flor nada proustianas mas em tudo calypseiras, decide que já é hora de crescer e deixar essa vida cruel de passar a semana afogado em números e letras e o fim-de-semana afogado em anônimos beijos atrás do trio elétrico. Mas, esse guerreiro-menino não sairá do templo do saber assim impunemente. Primeiro, é preciso mostrar que aprendeu alguma coisa de útil na vida. É preciso entregar, troçus terribilis, sua monografia. Seu destino acadêmico é: pague para entrar, entregue uma monografia para sair. Não, não, reza braba não dá jeito, o cabra pode ser valente, mas só na lembrança do texto vai chorar.
Nessa ingrata hora de seus infortúnios, surge o único que irá lhe defender: o Google, o labirinto dos insensatos e padrasto de nós todos, onde se vai encontrar o que se quer: muito joio e lá, bem no fundo, escondido e raro, um punhado de trigo. Mas esse trabalho de joeiramento das fontes pesquisadas não é compatível com tanta balada e tão poucos engenhos e, a fim de evitar a fadiga, ele repassa o trabalho para qualquer outro. Não é exatamente qualquer outro, basta qualquer um que saiba tirar essa pedra do meio de seu caminho. É aqui que entra o velho.
O velho não precisa ser um ancião, mas alguém com alguns calejados anos de prática de revisão e correção de rudes esforços estudantis que aceita alguns níqueis para fazer um trabalho que o menino não quer ou não tem tempo para ou não aprendeu a fazer mesmo.
E o burro? Em tempos zoologicamente corretos, não existe ninguém burro, no máximo um indivíduo intelectualmente diferenciado, o que ainda pode constituir grave ofensa aos nossos semelhantes, os muares.
Enfim, o velho vai precisar de energia juvenil para atravessar as noites de claro em claro e o menino se torna um velhaco ao defender o que não sabe diante daqueles que sabem que o menino só pensa que sabe.
Após uma triunfal compilação das idéias alheias, ele sairá do purgatório das defesas de teses por uma das duas saídas: o inferno dos plagiadores ou o paraíso dos compiladores.
Moral mínima, já por muitos conhecida: copiar uma citação é plágio; copiar várias, é monografia.
E se não for monografia é o texto de um blog, como essa minha fábula recheada de citações não-creditadas.
Comentários
http://coisasdestavida.wordpress.com/2009/02/05/selos/
Coloquei o link pra ficar mais fácil.
não conhecia o sistema de selos virtuais, mas parece que ganhá-los também são coisas (boas) desta vida.
Quando puder vá lá e receba seu prêmio.
Um abraço,
Lídia
estudo a música gospel neopentecostal brasileira e sua interação com a cultura pop.
a análise é musicológica (letra e arranjos) e sociológica (pós-modernidade, mídias, esses bichos papões).
e realmente uma trabalheira, hehehe.