"O rei do pop está morto". É assim que têm começado as notícias sobre a morte do cantor Michael Jackson, um astro da música cujo talento e carisma absolutos têm contrapartda em sua vida demasiadamente tumultuada. Para referir-se à Michael Jackson, o recurso da hipérbole é usual: a criança mais afinada da história da música popular, o disco de black music mais vendido (Off the Wall), o intérprete - e às vezes compositor - com mais canções que alcançaram o topo da parada pop (41 canções), o primeiro artista a colocar cinco canções de um mesmo álbum (Bad) em primeiro lugar, o cantor do videoclipe mais caro, o autor do álbum mais vendido (Thriller, com supostas 100 milhões de cópias vendidas, que rendeu ao cantor 94 prêmios), o promotor (inventor?) do passo de dança mais célebre - moonwalk, aquele em que se anda deslizando de costas, o artista mais bem pago da história, enfim, dono de tantos atributos de composição, voz e dança que lhe alcunharam de Rei do Pop.
Por outro lado, o rei da música pop era também o rei das excentricidades e escândalos. Relatos de abusos físicos e psicológicos por parte do pai-empresário-capataz de uma trupe extramente dotada composta por Michael Jackson e seus irmãos; processos em casos de pedofilia (em um dos casos houve acordo judicial, em outro foi absolvido por falta de provas); produções caríssimas que não obtinham um resultado próximo aos de seus primeiros discos; foi filmado pendurando o filho para fora da sacada de um hotel; sua produção teria pago ao traficante Marcinho VP pela autorização da filmagem de um clipe no morro Dona Marta, no Rio de Janeiro.
Avaliado por um especialista em saúde mental como portador de uma mentalidade de criança, Michael Jackson parecia viver num conto de fadas fantasioso e trágico ao mesmo tempo. Morou sozinho por 17 anos num rancho que chamou de Neverland, A Terra do Nunca, referência a história de Peter Pan, talvez para escapar das assombrações traumáticas da infância.
A transformação visual do cantor gerou controvérsias: seria para esconder queimaduras, seria resultado de cirurgias plásticas mal-sucedidas, seria uma busca pela juventude eterna. Segundo o próprio cantor, o aspecto bizarro de suas feições devia-se a uma doença de pele, o vitiligo. Seu casamento com a filha de Elvis Presley não convencia as pessoas. Sua conversão ao islamismo teria sido motivada por um débito astronômico a um sheik do Bahrein, país para onde se retirou solitariamente. Tudo o que cercava o astro era cercado pelo sensacionalismo e pela polêmica. O rei do pop tornava-se, assim, o rei mais triste do mundo.
O que fazer quando se é a maior celebridade pop e o maior vendedor de discos aos 24 anos? Fazer tudo em escala megaespetacular não adiantou muito e sua carreira tornava-se uma arquitetura da autodestruição. Mesmo sendo o artista que mais teria contribuído financeiramente para causas humanitárias, sua vida pessoal requeria um conforto que aparentemente ninguém conseguia suprir. Autor da melodia de "We Are the World" (a letra é de Lionel Richie), em que se cantava "somos aqueles que fazem um dia melhor", seu íntimo denotava um mundo interior em péssimo estado. Cantor de músicas como "Ben" (a letra é um elogio à amizade) e "You are not alone (Você nunca está sozinho)", Michael Jackson passou parte de sua vida em regime de estrita solidão. Compositor de hits alegres e eufóricos, sua trajetória particular tocava a música mais triste do mundo.
E a música mais triste do mundo é aquela escrita depois do apagar das luzes do palco, é a carência de afeto e sinceridade ofuscada pelo brilho da performance pública. As músicas, as imagens, os fãs ficarão por aí muito tempo ainda. Mas, infelizmente, para o ser humano Michael Jackson, ser rei do pop só lhe garantiu pouco mais que instantâneos de felicidade.
Por outro lado, o rei da música pop era também o rei das excentricidades e escândalos. Relatos de abusos físicos e psicológicos por parte do pai-empresário-capataz de uma trupe extramente dotada composta por Michael Jackson e seus irmãos; processos em casos de pedofilia (em um dos casos houve acordo judicial, em outro foi absolvido por falta de provas); produções caríssimas que não obtinham um resultado próximo aos de seus primeiros discos; foi filmado pendurando o filho para fora da sacada de um hotel; sua produção teria pago ao traficante Marcinho VP pela autorização da filmagem de um clipe no morro Dona Marta, no Rio de Janeiro.
Avaliado por um especialista em saúde mental como portador de uma mentalidade de criança, Michael Jackson parecia viver num conto de fadas fantasioso e trágico ao mesmo tempo. Morou sozinho por 17 anos num rancho que chamou de Neverland, A Terra do Nunca, referência a história de Peter Pan, talvez para escapar das assombrações traumáticas da infância.
A transformação visual do cantor gerou controvérsias: seria para esconder queimaduras, seria resultado de cirurgias plásticas mal-sucedidas, seria uma busca pela juventude eterna. Segundo o próprio cantor, o aspecto bizarro de suas feições devia-se a uma doença de pele, o vitiligo. Seu casamento com a filha de Elvis Presley não convencia as pessoas. Sua conversão ao islamismo teria sido motivada por um débito astronômico a um sheik do Bahrein, país para onde se retirou solitariamente. Tudo o que cercava o astro era cercado pelo sensacionalismo e pela polêmica. O rei do pop tornava-se, assim, o rei mais triste do mundo.
O que fazer quando se é a maior celebridade pop e o maior vendedor de discos aos 24 anos? Fazer tudo em escala megaespetacular não adiantou muito e sua carreira tornava-se uma arquitetura da autodestruição. Mesmo sendo o artista que mais teria contribuído financeiramente para causas humanitárias, sua vida pessoal requeria um conforto que aparentemente ninguém conseguia suprir. Autor da melodia de "We Are the World" (a letra é de Lionel Richie), em que se cantava "somos aqueles que fazem um dia melhor", seu íntimo denotava um mundo interior em péssimo estado. Cantor de músicas como "Ben" (a letra é um elogio à amizade) e "You are not alone (Você nunca está sozinho)", Michael Jackson passou parte de sua vida em regime de estrita solidão. Compositor de hits alegres e eufóricos, sua trajetória particular tocava a música mais triste do mundo.
E a música mais triste do mundo é aquela escrita depois do apagar das luzes do palco, é a carência de afeto e sinceridade ofuscada pelo brilho da performance pública. As músicas, as imagens, os fãs ficarão por aí muito tempo ainda. Mas, infelizmente, para o ser humano Michael Jackson, ser rei do pop só lhe garantiu pouco mais que instantâneos de felicidade.
Comentários
michael jackson se definiu certa vez como "o homem mais solitário do mundo". por aí a gente tem uma ideia da tristeza que rodeava o astro.
e sem esperança a vida é mesmo vazia e acabamos desacreditando de tudo.
se tirarmos os holofotes de cima do artista ele corre atrás das luzes de novo. michale jackson vivia não só de sua música, mas tb do sucesso e do agrado do público.
aliás, sua genialidade foi muito bem paga e ele é reconhecido por romper barreiras raciais.
pena ter acabado tão longe da felicidade que procurava e saciando a sede de bizarrice e fofoca das mídias e de parte do público.
um abraço
O mesmo Freed Mercury que fez mais de 250 mil pessoas no Rock in Rio cantarem Love of my life (amor da minha vida) morreu reclamando de uma vida sem amor.
Tantos outros exemplos como o de Renato Russo que fantasiava o amor, Cazuza e seu péssimo exemplo e tantos outros; todos estes tiveram tudo, menos amor. E esse amor só pode vir de Deus, pois os seres humanos são falhos, a única luz que devemos buscar, a única glória que temos que ter em mente é a luz e a glória de Deus, pois sem isso seremos os mais infelizes e os mais apagados de todos.
michael jackson pode ter tido bons amigos, como liz taylor e o produtor quincy jones. mas no circuito pop é muito difícil fazer amizades desinteressadas e afetuosas.
morreu um homem incompreendido, ingênuo e insatisfeito em ter tanta vida pela frente sem poder se superar (por isso, a meu ver, uma imersão tão profunda na produção do seus álbuns; afinal, não há como negar que há um crescendo em termos de patamar de produção em toda a sua carreira, culminando na loucura absoluta de 'Invincible', a meu ver tecnicamente o álbum mais bem produzido da histório do pop... 30 milhões não se gastam tão facilmente assim!).
morreu o meu companheiro musical desde infância (me lembro ainda da primeira vez em que ouvi 'Billie Jean' e 'Beat It', sendo que não me lembro dou pouquissima coisa desta época).
pouco ligo para Michael Jackson, o ser humano retratado nos meios de comunicação, apesar de desprezar profundamente (e muitas vezes silenciosamente) os que tecem comentários a respeito de sua vida privada como se a imprensa marrom fosse digna de confiança. não discuto esquisitices e excentricidades, mas afirmações caluniosas alicerçadas em objetivos financeiros sendo aceitas por causa das mesmas me parece ser imoral (tanto por parte de acusação como imprensa, já que ambos se beneficiaram, e muito, com as consequências), todavia uma característica trágica e cotidiana do ser humano.
ligo sim, e muito, para o músico, o compositor, o produtor e diretor... ligo para o eterno perfeccionista, o obsessivo coador de moscas engolindo elefantes (péssimas músicas extremamente bem produzidas) na sua incansável busca de ser aceito pela sua época através de sua música.
eu sinceramente espero que a Volta de Jesus ocorra antes, o Evento que mudará a nossa visão a respeito de toda estética desse nosso mundo de pecado. Se, todavia, Ele não voltar logo a história irá tratar de estabelecer quem Michael Jackson foi, o que significou para o rumo da música a partir do séc. XX, esquecendo-se das músicas fracas e repertório atrapalhado, sobrando somente a excelência expressa em uma faixa ou outra em absolutamente todos os seus álbuns.
enfim: não houve, no séc. XX, um 'allround entertainer' como Michael. querer comparar com Elvis, James, Ray e outros é não compreender quão multifacetado a sua obra é; é não entender de que não se trata de um artista norte-americano... trata-se de um ser humano alienado da humanidade, do nosso mundo.
o seu estilo musical não é o meu predileto, mas é inégavel a sua artisticidade.
morreu um dos raros heróis artísticos da minha época (me refiro a artistas DA minha época e não EM minha época) e sobram tão poucos nestes dias tristes.
RIP
eu entendo e respeito sua opinião, mas no caso específico d Michael Jackson eu discordo dessa suposição d q ele não vivia só d música!!
No meu entender é exatamente o oposto!! Se é q podemos afirmar algo sobre sua personalidade complexa, eu diria q ele se perdeu na sua própria música!! Diferentes aspectos da sua vida foram colocados d lado (a saúde, a aparência, etc) exatamente por causa dessa fusão q ele fez com sua própria arte!! Ao contrário do q vc sugere, eu não vjo um Michael Jackson fomentando bizarrices em busca d mais publicidade!! Um exemplo disso está logo na fase inicial d sua carreira solo!! Seu primeiro álbum Off The Wall foi um tremendo sucesso na época do lançamento e ainda hoje é uma referência em matéria d qualidade d música e produção!! Mas, apesar da ampla aceitação do álbum, ele buscou o Thriller!! Não se tratou propriamente d um anseio por reconhecimento e publicidade, mas algo mais interno mesmo!! Algo q o permitisse superar as limitações, q pra ele sempre foram enormes!! Para alguém q cresceu diante do público e teve sua arte valorizada ao extremo durante tanto tempo, ele não teria pq expor seus traumas mais profundos para chamar a atenção!! Creio inclusive q o isolamento na sua vida surgiu por causa dessa dificuldade d lidar com a crueldade q direcionaram a ele ao redor do mundo e especialmente dentro da família!! E nesse aspecto, vjo nele uma atitude até digna: Já q o mundo não o tratou por quem ele era, ele se tornou o melhor em sua arte para obter um mínimo d respeito e para poder se aceitar melhor!! Não creio q seja fácil ser alvo d piada do próprio pai durante anos a fio!! Do ponto d vista religioso e cristão, é triste ver a quantidade d pessoas, q supostamente são transmissoras do amor divino, tratam alguém como Michael Jackson como um homem sem Deus, arrogante e perdido!! Talvez até isso para ele tenha sido difícil lidar ainda mais no seu país hipocritamente protestante!! Por isso q prefiro analisar a figura d Michael Jackson d maneira positiva!! Um kra q se deixou usar por Deus, explorando seus talentos (e alguém duvida q esses foram dados pelo próprio Deus?) ao máximo e fez o possível para vencer seus graves problemas psicológicos e ainda beneficiar uma infinidade d pessoas com sua arte!! Naturalmente, como qualquer homem foi alguém q cometeu erros, q teve suas dificuldades, mas q precisa da Misericórdia e Amor d Cristo como qualquer ser humano!! E por ter feito o melhor para ser perfeito (e o próprio Cristo nos chama para sermos perfeitos como Ele o é), espero q d alguma maneira Jesus o leve aos céus tb, pq em Michael Jackson eu vjo um servo fiel!!
em nenhum momento do texto eu sugiro que as excentricidades de michael jackson eram uma jogada de marketing. o que quis dizer, no parágrafo que falo das plêmicas e contradições que o envolveram, é que tudo o que o cercava era sensacionalizado. ao mesmo tempo, o que era visto como comportamento bizarro era ridicularizado e satirizado.´
além disso, as ações no meio pop são cercadas de desconfiança. seu casamento com a filha de Elvis Presley gerou descrédito por ter acontecido logo após um processo por pedofilia. e o casamento durou 2 anos (essa pouca duração é rotineira no casamento de estrelas, mas no caso de michael isso tomou uma dimensão ainda maior).
desconfiava-se de sua conversão, de sua solidão, de seu dinheiro, de sua infância.
sei dizer que artisticamente sua música (pelo menos de Off the Wall e Thriller) foi o ápice de um estilo inimitável.
agora, se ele foi um servo fiel, isso eu não saberia dizer. mas seria uma grande (e feliz) surpresa, não?
apenas para esclarecer, eu tive a impressão sobre a questão das excentricidades como jogada d marketing, não exatamente no texto, mas no seu comentário ao meu primeiro post!! D qualquer maneira, concordo com vc quando diz q tudo relacionado a ele ganhou proporções gigantescas!! E creio q muitas coisas fugiram do controle dele, resultando na solidão q vc discute no texto!! Vja por exemplo o caso da pedofilia!! O kra sempre teve o universo infantil como inspiração e criou uma fundação para beneficiar crianças carentes!! Acusado em 93 d pedofilia e só agora dpois da morte é q a verdade começa a ganhar forma!! Já se fala q o garoto Jordan Chandler, q hoje é um adulto d 25 anos, teria confessado q mentiu nakele processo por ter sido pressionado pelo próprio pai, q tinha claras intenções d extorquir o astro!! Com uma crueldade dessa, a pergunta q fica é: Era ou não era coerente se isolar?