Mal Cristo tinha ascendido aos céus e já havia gente duvidando da história toda. Se na época era assim, dois mil anos depois parece muito mais fácil ser Tomé. Antigamente, duvidava-se da espiritualidade de Jesus (não, ele não era um ser divino, diziam). Mais recentemente, questiona-se a carnalidade de Jesus (não, ele nem mesmo existiu). Estão tentando inscrever Jesus no museu imaginário dos mitos da humanidade.
Um vídeo intitulado Zeitgeist procura demonstrar que Cristo é um plágio de vários mitos da Antiguidade. No entanto, segundo o especialista Chris Forbes (enttrevistado no vídeo abaixo), a afirmação de que Jesus seria um plágio de um punhado de historinhas pra egípcio dormir não se sustenta. Ou seja, a tentativa de fazer do Cristo histórico uma lenda antiga é, na verdade, uma lenda moderna. Audioveja e entenda suas razões. Procure ler o que dizem outros especialistas a respeito da autenticidade do Jesus histórico, como o texto que indico logo abaixo do vídeo.
Mais:
Jesus, um plágio?: artigo na Revista Kerygma
(Dica de @lzgstv - L. Gustavo de Souza)
Comentários
Abraços!
Estruturalmente ele não fala disparates. Toda civilização possui sua mitologia corrente - a representação corrente do imaginário. Jesus é a figura central da mitologia da nossa civilização, assim como existe essa mesma figura em outras culturas, outras civilizações, povoados ou tribos, outros tempos.
Se Zeitgeist é ingênuo na argumentação, esse vídeo que pretende "desmascarar" é muito mais. Ele só é útil por apontar artifícios bobos do primeiro, como a comparação entre "sun" e "son". No mais, desmentir umas comparações sobre Hórus e Jesus também é saudável, uma vez que o Zeitgeist força a barra na comparação. Mas ele para por aí. E tem gente satisfeitíssima. É como se os vídeos funcionassem como amuletos: "ufa, agora tem um que eu posso acreditar, não preciso mais ter medo do outro". Ou antes: "ufa, eu não preciso mais estudar mitologia pra entender melhor do assunto e poder argumentar por mim mesmo".
Nenhum cristão quer aceitar uma argumentação lógica que fira seus pudores cristãos, mesmo que a coisa faça perfeito sentido pra ele. Mesmo que ele veja que aquilo é um fato, e não algo dependente de crença. Todo bom argumento é sempre peripécia do inimigo.
O estudo da mitologia e (e de mitologia comparativa) deveria ser ensino de base pra qualquer teólogo sério. Mas é perigosíssimo para as cabecinhas teologandas, né? Ninguém tá interessado ém teóricos da religião! A gente quer é formar pastores, abrir igrejas e catequizar o mundo inteiro pra debaixo da saia de Jesus. Depois a gente pensa em examinar a religião sem esse intuito jesuíta.
Ê laiá. Sigam mesmo o exemplo do historiador aqui desse vídeo "desmascarador": não acreditem em tudo que vcs veem no youtube, nem mesmo no próprio vídeo que dá essa dica (o professor é esperto, ele fala isso propositalmente). Ao invés disso, procurem boa literatura sobre os temas que os incomodam (aliás, é a dica dele também). Leiam Gilbert Duran, Mircea Eliade, Joseph Campbell, Bachelard, Lévi-Strauss, Jung. Tá aí: literatura seríssima sobre o tema.
É isso. Joêzer, por favor, não deleta meu comentário não, viu? Se ficar ofendido com qualquer coisa que eu possa ter dito, responde aqui mesmo, a gente conversa, debate, discute (francamente, não tenho a esperança de que alguém além de você vai ler aqui a minha réplica).
Abração!
Recentemente estava traduzindo uma palestra sobre Budismo onde na introduçao o apresentador fala: "É cometido o erro de pensar mito como religioes de outros povos."
Acho que nem isso mais acontece... É apenas pura mentira hoje em dia.
Zeitgeist, concordo com o Victor, é muito bobo. Paralelos muito tontos e falsos. Ao invés de ser algo sério... Nao. Prefere o superficial com uma montagem rápida e gráficos tontos que só querem causar efeito. Mas quer saber, acho que é um "fogo contra fogo". Aliás, nem chega aos pés do fogo que a igreja hoje em dia usa. Mas tentou, e por isso falhou. Usou metodos parecidos para por medo assim como o proprio filme acusa o governo e os seus bancos... Medo, medo e medo.
E esse video-entrevista é tao tonto quanto. Nao falou nada. Ficou na superficie. Mostrou o obvio para alguém que sabe pensar. E o 25 de dezembro nao é por ser uma data latina e sim ser o Solsticio. Nao importa o calendario que vc quiser inventar, é o que vai acontecer com o eixo da terra após cada volta ao redor do sol.
Cristo histórico... Uma pessoa, como cristao, precisa tanto dele assim? Nao de Cristo, da fé nele e etc, mas sim na historicidade dele... Uma pessoa precisa disso? Que tenha sido real? Eu amo a imagem de Jesus. Acho demais. É linda. Mas o que foi feito dela... É horrivel. E eu nao acho que pensar que o Jesus histórico nao existiu ou que nao foi tudo isso que tá relatado nos apenas 4 evangelios de 12 (acho), muda algo.
Já viu "A ultima tentaçao de Cristo"? Jesus histórico nao importa. Ali, a chave pra entender isso é quase no final, com Paulo. Acho que esse filme expressa muito bem essa problemática tao pouco importante a força do Jesus interno. E mais... Ajuda a refletir muito mais além do histórico espaço-temporal.
Só que a gente tá tao preso a isso quando pensamos em Jesus que só parece haver 2 opcoes: Acreditar que existiu ou nao. Acho que as 2 posicoes estao perdendo o foco real disso tudo: Voce mesmo.
Nao sei pq mas 1984 me veio a mente...
Um abraço e reitero o pedido do Victor: "É isso. Joêzer, por favor, não deleta meu comentário não, viu? Se ficar ofendido com qualquer coisa que eu possa ter dito, responde aqui mesmo, a gente conversa, debate, discute (francamente, não tenho a esperança de que alguém além de você vai ler aqui a minha réplica)."
Um abraço.
Já aproveito então pra pedir desculpas se apimentei muito e falei pouco. São resquícios de dores antigas, confeso.
Bah, vamo que vamo.
caras como vocês só enriquecem esse blog pretensioso.
um vídeo de alguns minutos não explica muita coisa. às vezes só confunde. no caso desse "vídeo-resposta" ao Zeitgeist, ele só começa a entrar no assunto. por isso, indiquei um link de um bom artigo para fundamentar melhor a discussão.
victor, uma coisa é a teologia pastoral e outra é a área da ciência da religião. o evangelho simples de Cristo não pode ficar refém de debates sobre "logias" e mais "logias". de outro lado, é sabido que os teólogos precisam de suporte da sociologia e da história, senão ficam reféns do pragmatismo simplista e generalizante. osso duro de roer!
aron, bem lembrado o livro do Kazantzakis adaptado pelo genial Martin Scorsese (a última tentação de Cristo). essa obra escapou da tentativa comum de enquadrar Jesus na história e foi direto para o Jesus que mais importa: o Jesus da fé, o Jesus da dúvida, o Jesus da metáfora. claro que algumas mentes sinceras na fé, mas conservadoras na estética e na poética, pularam de susto.
mas desconheço um filme mais teologicamente correto do que aquele. bíblico no sentido de que ele comporta o Jesus humano e divino, o Cristo pré-lapsariano e o Cristo pós-lapsariano.
ah, sim: só deleto ofensas pessoais ou palavras que soem feias aos meus ouvidos pudicos de Jane Austen.
abraços