Em dez anos, a música cristã brasileira, ou a música praticada por cristãos no Brasil, diversificou-se bastante: gêneros musicais regionais e estilos globalizados, performances cantadas, gritadas e choradas, refrões simples e intermináveis, letras densas e extensas. O combalido mercado fonográfico secular cresceu o olho e enxergou mais uma alternativa de lucro. Os artistas cristãos aproveitaram o convite e estenderam sua voz e sua mensagem até aonde ninguém ainda havia chegado, às vezes com padrões de atitude que nem todo mundo aceita. Alguns deles mereceram ouvir a música “É proibido pensar”, de João Alexandre, uma franca e corajosa crítica à mercantilização da fé e da canção religiosa.
Essa é uma lista de dez nomes representativos do começo do século.
Aline Barros
Unção, milagre, “apaixonada” por Jesus: sua carreira foi redirecionada das canções já clássicas de Célia Held para as temáticas claramente neopentecostais. Embora os números de vendagem não sejam contabilizados oficialmente, ela é considerada a cantora gospel que mais vendeu discos no Brasil. É pastora e também garota-propaganda de marcas de roupas e equipamentos musicais. Tem músicas e coreografias para o público infantil, solos em estúdio para a novela e “Louvor & Adoração” ao vivo para todos os públicos.
Fábio de Mello
Está na lista porque sucedeu o padre Marcelo Rossi no centro do palco da música católica com um estilo diametralmente oposto. Suas músicas são de pendor mais lento e reflexivo, além de não usar batina quando canta e ter que ouvir gritinhos de “lindo”.
Arautos do Rei
Passou por quatro diretores musicais (e outro tanto de formações) diferentes e ainda se mantém como referência nacional quanto o assunto é quarteto cristão. Um fenômeno histórico que adicionou modernidade sonora sem desagradar (quase) ninguém.
Oficina G3
Está na lista por freqüentar a lista de grupo respeitado inclusive por roqueiros não-cristãos. Com baladas suaves ou hard rock, o Oficina G3 alcançou ouvidos pouco afeitos à música cristã tradicional.
Apocalipse 16
O hip hop nasceu como música de protesto. O APC 16 e o Pregador Luo fazem hip hop para protestar contra a violência urbana, o consumismo e o comportamento permissivo de rappers idolatrados pela juventude, mas suas canções anunciam que a verdadeira mudança é espiritual. E mais: o rap se revelou também uma maneira de contar o evangelho a marginais e marginalizados.
Soraya Moraes
Levou o prêmio de melhor canção nacional no Grammy Latino 2008, superando Vanessa da Matta, Djavan e Jorge Vercilo. Uma reportagem do jornal O Globo, porém, mostrou que os cantores seculares pouco participam da votação e que a indústria fonográfica gospel votou em massa num criticado lance de corporativismo.
Paulo César Baruk
Combinando letras tocantes e melodias suaves com estilos pop mais acelerados, PC Baruk está na lista representando os artistas gospel que se consolidaram sem apelar para técnicas polêmicas de divulgação e sem aderir a performances extravagantes e extasiadas.
Leonardo Gonçalves
Chega ao fim da década como cantor, compositor e produtor musical com ótimo tráfego entre a juventude cristã interdenominacional. O CD Avinu Malkenu, gravado inteiramente com músicas cantadas em hebraico, está sendo capaz de abrir diálogo inclusive com a mídia secular.
Raiz Coral
Passar 10 anos fazendo black music em português (mesmo com algumas performances controversas) é uma insistência que levou o coral e seu líder, Sergio Saas, a ganhar um prêmio nacional de talentos no SBT.
Diante do Trono
Unção, milagres, “apaixonado por Jesus”: os grupos de ministério de louvor que tomaram conta das igrejas evangélicas são devedores do sucesso do Diante do Trono, goste-se ou não do estilo emocionado da cantora Ana Paula Valadão. Aliás, a família Valadão (pais, filhos e parentes) tornou-se ela mesma uma produtora de enorme sucesso voltada à pregação do evangelho.
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Termino essa lista pretensiosa e incompleta falando do mesmo estilo musical com que iniciei. O estilo “Louvor & Adoração”, com seus refrões multirrepetíveis, é defendido às vezes como a tábua de salvação para o fervor da adoração contemporânea. Mas tem o mérito de levar o povo a cantar com gosto nas igrejas (e estádios, clubes e avenidas) Brasil afora.
Outro:
10 filmes com a cara dos últimos 10 anos
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Comentários
a influência do DT está mesmo em quase todo lugar.
léo,
como alguém adota um estilo é às vezes um mistério: questão de gosto pessoal, tática mercadológica, ampliação de público, alcançar descrentes, sinceridade, marketing, ...