Três Ronaldos há.
O primeiro que chegou, chegou como um fenômeno pela própria natureza. Assombrosamente rápido, partia na direção do gol como se as redes fossem um ímã irresistível. Mas o maior feito de Ronaldo Fenômeno não são seus gols. É seu desafio à lei da resiliência. Estava culpado demais depois do fiasco da final da Copa do Mundo de 98. Estava operado demais antes da Copa do Mundo de 2002. Estava gordo demais ao chegar ao Corinthians. Por três vezes lhe juraram um final infeliz. Por três vezes ele respondeu do único jeito que sabe: com triunfos. É famoso, todo mundo reconhece aqueles dentes e aquela cabeça raspada, e embalado em controvérsias, mas raramente se encontra alguém que torça contra ele. É um meninão mimado por uma torcida mundial.
O segundo Ronaldo chegou como um acrobata, um malabarista. Uma pirueta, duas piruetas, bravo, bravooo! Era um encantador de adversários. Juntos, ele e a bola pareciam dois apaixonados que só se desgrudavam na hora do gol. Ilusão. A noite, para ele, tinha mais atrativos que a bola. Com o passar do tempo, ela, enciumada, foi procurar carinho nos pés de outros craques menos dentuços e simpáticos. E ele desapaixonou-se. Passou a vagar em campo como um fantasma do gênio que fora um dia. Até que, um dia desses, ele e a bola estavam de novo a trocar juras de amor. Só que um dos dois não esqueceu as mágoas do passado e o casamento já não parece o mesmo.
O último Ronaldo é um gajo que não admira a própria carreira de gols impossíveis e títulos imponentes. Não se encanta com a bola. Ele está maravilhado consigo mesmo. Enquanto o Fenômeno raspava a cabeça e o Gaúcho enfaixava as melenas, Ronaldo, o Cristiano, lambuza o cabelo com um gel indestrutível. Na Copa da África, passava o jogo de olho no telão: porque Narciso acha feio tudo que não é espelho e replay. Ronaldo, o Cristiano, não tem nada de cristiano/cristão. Num dia está ostentando carrões tunados em Londres, noutro está fazendo a ronda noturna com a doidivanas Paris Hilton, e noutro desnuda o torso num outdoor. Sempre com o penteado crista-de-galo intacto. Quando sobra tempo, vai ao estádio fazer jogadas estonteantes e mais e melhores gols.
Fenômenos do jogo, das massas, das mídias. Manhosos e mimados. Demasiadamente ronaldos.
Comentários
a volta do Ronaldo 2 pra seleção foi um fiasco... puro marketing...
hj ele vive de dar dribles em Grêmios Prudentes da Itália...