No show da virada do ano em Copacabana, tocaram Beethoven misturado com samba. Cá pra mim, não há Engov no mundo capaz de aliviar uma mistura tão indigesta. Mas é melhor eu falar mal do Beethoven, já que, você já sabe, quem não gosta de samba, bom sujeito não é.
Ninguém precisa ler mais do que dois textos desse blog pra descobrir que o autor tenta passar ao menos por bom sujeito. Mesmo assim, há quem se dê o trabalho de ir até a caixa de comentários e diagnosticar que sou ruim da cabeça. E este é o menor dos imprompérios.
Beethoven com samba é uma mistura indigesta ou indigente? Não é porque eu não saiba dançar um mero dois-pra-lá-dois-pra-cá. Nem acho que Beethoven seja intocável e tenha que ficar num pedestal de pureza sem se misturar com seus primos musicais. Isso quem achava era Hitler (aliás, todos concordam que o nazista Adolf, esse sim, era ruim da cabeça).
Mas pelo andar da sinfonia, Beethoven só se dá a conhecer no país do samba quando toca no caminhão de entrega de gás ou no réveillon fazendo par com mil tambores. Sim, meu senhor, com mil tambores!
Nada contra o tambor, que ele serve até pra animar a alma da gente vez ou outra. Mas só tambor também não, né? Ninguém precisa de erudição pra gostar de samba ou de sonata ao luar. Porém, sem novos conhecimentos o povo fica a dançar sem escutar, a escutar sem apreciar, a apreciar sem saber.
A moral mínima desse país que é uma fábula é esta: em terra onde CPI acaba em pizza, Beethoven termina em samba.
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