Maurice Jarre (1924-2009) talvez não tenha sido em vida o melhor compositor francês de música para cinema. Michel Legrand e George Delerue foram mais inventivos, mas Maurice Jarre certamente compôs temas mais inesquecíveis. Ajuda também o fato de que Jarre trabalhou muito em filmes ingleses e americanos, em épicos de ação e romance, o que deixa seu legado musical bem mais notório do que as intimistas produções de seus compatriotas músicos.
Ainda na França, nos anos 50, Maurice Jarre se dedicou a estudar a música considerada étnica, ou seja, aquela que, por não ser europeia nem norte-americana, as academias relegam para o limbo das matérias opcionais. Esses estudos devem ter auxiliado o músico francês durante a elaboração das partituras dos filmes em que trabalhou. Principalmente naqueles em que foi parceiro do cineasta David Lean.
Sua trilha mais famosa é a que gerou mais controvérsia. Por Doutor Jivago (1965), o último épico romântico em que adultos formam o par central, Jarre foi criticado por ter diluído temas do folclore russo e criar uma trilha sonora mais “francesa” do que “russa”. Para piorar as coisas, Ray Conniff, um dos magos do kitsch romântico-exótico (o outro era Paul Mauriat), gravou um arranjo do "Tema de Lara" e chegou ao Top Ten das paradas americanas. O que alguns críticos não quiseram perceber é que, assim como o genial David Lean transformou o romance de Boris Pasternak em uma espécie de ...E o Vento Levou na neve, a música de Jarre usou temas russos para fazer temas desbragadamente românticos.
A trilha de Lawrence da Arábia (1962), pela qual ganhou seu primeiro Oscar, é magnífica. A música tem um sabor ocidental demais? Ora, o filme é sobre um aventureiro inglês na Arábia, não é um manifesto muçulmano contra os ataques em Gaza. Há uma lenda roliudiana que conta que Steven Spielberg, ainda universitário, teria se decidido pela carreira de cineasta depois que assistiu a esse absolutamente grandioso filme de David Lean. O terceiro Oscar veio por mais uma trilha étnica; no caso, outra parceria com Lean, Passagem para a Índia (1984).
Maurice Jarre parecia talhado para épicos em “terras distantes”, pois ainda aceitaria fazer a música para outro ótimo filme, O Homem que Queria Ser Rei (1975). Embora este fosse menos ação e mais humor sardônico; para quem conhece, basta dizer que a dupla de aventureiros é feita por Sean Connery e Michael Caine. Nos anos 80, suas trilhas se tornaram mais discretas, mas não menos precisas, como em A Testemunha (1985) e Sociedade dos Poetas Mortos (1989). Aos 65 anos, ainda encarou um ectoplasma apaixonado e fez a trilha de Ghost (1990). Bem, pelo menos não é dele aquela chatíssima canção (uôôôô, mááái looove...) que apavorava rádios, restaurantes e recepções de casamento.
Ainda na França, nos anos 50, Maurice Jarre se dedicou a estudar a música considerada étnica, ou seja, aquela que, por não ser europeia nem norte-americana, as academias relegam para o limbo das matérias opcionais. Esses estudos devem ter auxiliado o músico francês durante a elaboração das partituras dos filmes em que trabalhou. Principalmente naqueles em que foi parceiro do cineasta David Lean.
Sua trilha mais famosa é a que gerou mais controvérsia. Por Doutor Jivago (1965), o último épico romântico em que adultos formam o par central, Jarre foi criticado por ter diluído temas do folclore russo e criar uma trilha sonora mais “francesa” do que “russa”. Para piorar as coisas, Ray Conniff, um dos magos do kitsch romântico-exótico (o outro era Paul Mauriat), gravou um arranjo do "Tema de Lara" e chegou ao Top Ten das paradas americanas. O que alguns críticos não quiseram perceber é que, assim como o genial David Lean transformou o romance de Boris Pasternak em uma espécie de ...E o Vento Levou na neve, a música de Jarre usou temas russos para fazer temas desbragadamente românticos.
A trilha de Lawrence da Arábia (1962), pela qual ganhou seu primeiro Oscar, é magnífica. A música tem um sabor ocidental demais? Ora, o filme é sobre um aventureiro inglês na Arábia, não é um manifesto muçulmano contra os ataques em Gaza. Há uma lenda roliudiana que conta que Steven Spielberg, ainda universitário, teria se decidido pela carreira de cineasta depois que assistiu a esse absolutamente grandioso filme de David Lean. O terceiro Oscar veio por mais uma trilha étnica; no caso, outra parceria com Lean, Passagem para a Índia (1984).
Maurice Jarre parecia talhado para épicos em “terras distantes”, pois ainda aceitaria fazer a música para outro ótimo filme, O Homem que Queria Ser Rei (1975). Embora este fosse menos ação e mais humor sardônico; para quem conhece, basta dizer que a dupla de aventureiros é feita por Sean Connery e Michael Caine. Nos anos 80, suas trilhas se tornaram mais discretas, mas não menos precisas, como em A Testemunha (1985) e Sociedade dos Poetas Mortos (1989). Aos 65 anos, ainda encarou um ectoplasma apaixonado e fez a trilha de Ghost (1990). Bem, pelo menos não é dele aquela chatíssima canção (uôôôô, mááái looove...) que apavorava rádios, restaurantes e recepções de casamento.
Neste link, uma seleção de trechos de trilhas de Maurice Jarre. Abaixo, o próprio compositor regendo o tema de abertura de Lawrence da Arábia:
Comentários
ainda bem que você citou o Michel Legrand... em minha leiguice quanto aos grandes compositores de trilhas sonoras, mesmo assim me arrisco em dizer que Legrand se tornou lendário ao fazer 'Yentl'. Não sei se você conhece, mas, EMO, é o ápice e onde um dia sonho em chegar em termos de criatividade e musicalidade (salvo alguns eruditos; temos que ter metas, não é? ;)).
Não conheço o George... quais as trilhas dele (estou com preguiça de googliar)?
forte abraço
shalom
da parceria do delerue com françois truffaut (e que eu conheço), tem a obra-prima que é a música de Jules et Jim, e as belas trilhas de A Noite Americana e O Último Metrô.
A música composta para Hiroshima Mon Amour foi feita naquela época das experiências de Pierre Schaffer e Pierre Boulez. E no filme ficou ótimo.
Sei que ele ganhou o Oscar por um filme que nunca vi (Um Pequeno Romance).
Ele fez para Platoon mas eu só lembro da música do Samuel Barber, o adágio para cordas.
abraço
quando mais tarde peguei a partitura, vi que fazia umas digitações que só complicavam o que na partitura era simples.
abraços, sergito