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matrix, o escolhido e as escolhas


As referências para a criação da série Matrix provêm de fontes tão díspares como o kung fu, os quadrinhos, a teoria do simulacro e a salvação messiânica.
Do kung fu, a coreografia das lutas. As HQs (histórias em quadrinhos) inspiram a posição das câmeras, a fotografia e os superpoderes do herói.


A teoria do simulacro é mais complicada, mas resumindo grosseiramente seria assim: o filósofo francês Jean Baudrillard, falecido em 2007, criticava a transformação da vida humana em “realidade virtual”, em um jogo de simulações em que a realidade dos objetos é substituída pela hiperrealidade dos signos bombardeados pelos meios de comunicação de massa. Baudrillard era complicado como um filósofo francês deve ser, mas acho que ele queria dizer que o ser humano se tornara mais perdido que um cego existencial num tiroteio midiático.


Baudrillard era assim mesmo, um autor apocalíptico que poucos entendiam, e quem achava que tinha entendido, o próprio autor se encarregava de dizer que não tinha entendido patavina nenhuma, como os irmãos Warchovski, diretores da trilogia Matrix, e o ator Keanu Reeves, cujas citações públicas de Baudrillard receberam o veto do francês. Ô homem difícil, sô!


Se você já esqueceu, o personagem principal de Matrix se chama Neo, que pode ser tanto a palavra grega para “novo” (a pronúncia inglesa do termo é a mesma empregada em “new” ) como também um anagrama de “one”, o número um. No filme, Neo é chamado de “the one”, um tipo de Cristo bíblico que representa o novo, as boas novas, “Aquele” que veio salvar o mundo.


Neo será o responsável por abrir os olhos das pessoas para uma realidade que não veem. Para Baudrillard, os indivíduos estariam tão submersos na ficção da publicidade, da moda e da tecnologia geradas pelas mídias que não perceberiam que suas vidas não passam de um simulacro, uma falsa realidade vivida como se fosse real.


No cristianismo, o contraste entre a vida que se tinha no passado e a aceitação de uma nova realidade ao aceitar a salvação é tamanha que os conversos costumam dizer que eram cegos, mas agora realmente veem. Por isso, reiteram que Cristo é a “verdade que liberta” (João 8: 32). Dessa forma, o passado é visto como uma ilusão vivida como se fosse real e o presente com Cristo equivale à verdadeira realidade imprescindível.
No filme, há também a personagem Trinity (“Trindade”). Logo se vê que não foi só Renato Russo que, na canção Índios, se perguntava como um Deus ao mesmo tempo é três. Trinity é retratada como uma pessoa só. Isso pode revelar que os irmãos Warchowski estivessem mais interessados em embalar sua produção com a superfície conceitual das religiões em vez de escavar a verdade mais a fundo.


Do mesmo modo que Matrix bebe e regurgita a teoria da hiperrealidade e não foi visto com bons olhos pelo autor da teoria, o filme também toma emprestado temas do cristianismo, adiciona pitadas de budismo e hinduísmo e não fala nem uma coisa nem outra. A doutrina de Matrix é, na verdade, o niilismo: viveríamos numa ilusão criada por um programa de computadores e não haveria saída dessa jaula metafísica.


Jean Baudrillard, que preferia o filme Show de Truman à série Matrix (eu aqui também), não aceitou ser uma espécie de consultor filosófico para o filme por achar que os diretores distorceram seus escritos no primeiro filme. Ele achava também que a discussão filosófica merecia um espaço mais adequado do que a correria cinematográfica.

Ao usar termos como Nabucodonosor, Trindade ou Sião, Matrix não está reforçando o cristianismo bíblico. Sua utilização distorce pontos focais e rearranja a narrativa bíblica nos moldes do gnosticismo. Tenta nos convencer que é preciso negar a realidade aparente ("pense que a colher não existe", lhe diz um budista mirim), como na visita de Neo ao oráculo que entremeia frases esotéricas e supõe levar ao conhecimento da verdade interior e da falsificação do exterior.


Matrix pode dizer tudo e ser sobre o nada. É um filme que dá essa opção. Aliás, é um filme sobre escolhas e prefiro falar sobre o incontornável momento em que todos temos de fazer escolhas que afetam de forma mais impactante os nossos destinos.


Podemos escolher rejeitar o esclarecimento (a pílula azul do filme) ou aceitar a verdade (a pílula vermelha). Depois disso, nossos atos serão modificados pelo entendimento que temos do que é verdade.


Ninguém também pode fazer as escolhas por nós. Ou fechamos os olhos ou abrimos a visão. Ou escolhemos aceitar que o sentido da vida é que ela não teria sentido (sem origem ou destino final) ou escolhemos ver que a vida faz sentido quando a verdade de Cristo é entendida e praticada em seu aspecto mais amplo e cósmico, que há significado transcendente e não ilusório na vida no único Cristo ressurreto e real, e não nos Cristos pendurados em paredes, empoeirados em bíblias e mal representados em nossas ações.

entrevista de jean baudrillard em que ele fala do filme, aqui.
sobre matrix e o gnosticismo, aqui.

Comentários

Victor Meira disse…
Pô Joêzer, essa leitura achei tosca. Perdão pela sinceridade, mas na sua crítica você não cita a peça fundamental sobre a qual o filme foi concebido, que é o mito da caverna, do Platão.

Li a entevista do Baudrillard. O que os Wachowski sugaram dele foram as idéias de contemporaneidade: leituras do virtual em contraponto ao real, cultura da saturação midiátca e tendências do pensamento pós-internet e pós indústria do espetáculo.

O que você chama de "teoria do simulacro e salvação messiânica" é a estrutura do mito.

O mito do Platão, que citei, conta sobre o filósofo que quebra as correntes que o prendem na caverna, e descobre o admirável mundo real, que não é feito de aparências. Platão também acredita que o mundo está coberto por imagens que escondem a essência das coisas - logo, tudo o que os nossos sentidos compreendem é meramente ilusório.

Na parte do menino budista, que questiona a existência da colher, podemos recorrer ao pensamento do filósofo duvidador, Descartes, que julga que não os nossos sentidos não são evidência da existência das coisas. Podemos também recorrer a Kant, que diz (na Crítica da Razão Pura) que o tempo e o espaço não são existências externas ao homem, mas sim estruturas do entendimento humano. Em outras palavras, é por meio do tempo e do espaço que a nossa razão se fia pra entender o mundo. Logo, em si, a colher não existe. E claro, se Descartes e Kant são referências na filosofia, o Budismo já desconfiava dessas possibilidades de interpretação da realidade há muito tempo.

Volto ao mito. É comum acharmos que a mitologia expressa nos épicos e filmes-de-herói contemporâneos é apenas uma releitura da mitologia bíblica. Não discordo: a própria mitologia bíblica, por sua vez, se baseia em mitologias anteriores (umas mortas, outras menos válidas hoje em dia), mas todas elas tem uma estrutura em comum. Um cara que fala bem disso é o Joseph Campbell, em O Herói de Mil Faces. Aliás, pra quem gosta de mitologia (tema que julgo de fundamental importância pro bom religioso) recomendo todos os livros dele. Dá pra ter uma idéia superficial da teoria dele no artigo sobre o Monomito, na Wikipedia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Monomito

Mas é claro que as referências ao cristianismo pululam no épico-heróico: a representação máxima do herói, mais abrangente, mais conhecida, mais pulverizada no mundo (digo, no mundo de quem consome o espetáculo) é o mito de Jesus Cristo. Até que surja uma representação maior do fenômeno mitológico na sociedade, a arte vai mencionar e abusar do mito vigente pra rechear de relevância os significados de sua proposta.

Matrix é um bom filme, uma boa trilogia, que funde a alegoria platônica da caverna com o mito do herói. Isso vestindo a roupagem da contemporaneidade e sugando filósofos como Baudrillard, Pierre Lévy e William Gibson (aliás, já volto nesse). E pra fechar com chave de ouro, cultura pop: kung fu, hq, cultura nipônica, música eletrônica, e por aí vai. É um projeto sem erros de bilheteria. E não deixa de ser ótimo, divertidíssimo, e ouso: pro público adolescente, esclarecedor.

Sobre o William Gibson, tenho que citá-lo ao falar de Matrix. Ele é o autor da série Neuromancer, e um dos fundadores do gênero Cyberpunk. A idéia de que o mundo ilusório é virtual é dele. Talvez, antes de Platão ou Campbell, o Gibson tenha sido o principal "culpado" por toda a concepção e idéias dos irmãos Wachowski. Vale a pena dar uma olhada nisso também.
Victor Meira disse…
Pô, acho que é isso. Meu comentário tá maior que o teu texto, isso não é bom. Haha, perdão aí pelo alongamento - gosto de conversar sobre religião, filosofia, cinema e cultura pop. E simpatizei com o teu blog e com os teus escritos.
Ah, escrevi esses dias um texto falando sobre a descontextualização cultural promovida pela internet. Dá uma olhada, tá aqui:

http://manazinabre.blogspot.com/2010/01/maravilhosa-experiencia-livre-e.html

E também brinquei com a história de Daniel num conto:

http://quadradovermelho.blogspot.com/2009/12/nun-nun-guimel.html

É isso, Joêzer.
Tô achando bacana a nossa conversa.

Um abraço!
joêzer disse…
victor,
o tosco abunda este sítio virtual.
mas eu fiz uma escolha de abordagem que visava as conexões do filme com o cristianismo. não tenho estofo suficiente de filosofia para verificar o aporte de kant ou descartes nas ideias centrais da série.
sua explicação via platão faz muito sentido. espero que os próximos leitores leiam seu comentário.

sobre mitologia, de fato, as estruturas dos mitos fundadores estarão presentes nas narrativas das ficções roliudianas. o citado joseph campbell, aliás, foi consultor da série star wars, toda ela alicerçada no mito do herói.

admiro demais o primeiro filme da série, eu o considero um filme que os futuros críticos colocarão ao lado de 2001 - uma odisseia no espaço ou de blade runner (minha FC preferida). as duas sequencias de matrix diluem tanto a estatura da discussão metafísica-midiática quanto a encenação do conflito físico do primeiro filme.

você deve ter visto que sempre abro a discussão sobre cultura pop, cinema, religião aqui no blog. gostei da sua pegada nos contos, cara.
abraço
Olha, gente, eu sou fã nº. 30 do Joêzer, e leio vorazmente os textos que ele posta, porque me fazem bem, me levam a escolher pensar em assuntos que se diferenciam dos habituais com os quais tenho que lidar no cotidiano (e, vam' falá, é um saco o cotidiano, embora também seja importante para o ser humano o senso de continuidade e segurança). Mas, se tem uma coisa que me irrita profundamente é filosofia.

Joêzer, qual a razão por que você resolveu fazer uma correlação entre a religião e uma abordagem cinematográfica usando o filme "Matrix". Por que "Matrix"? E por que esse texto? Entendi seu ponto de vista, entendi o que você quis dizer com isso, mas não entendi a razão do tal...

O coleguinha Victor Meira filosofou pra dedéu, e me irritou profundamente, como só a filosofia pode irritar uma pessoa irritável. Não vejo utilidade nenhuma em tentar explicar as coisas existentes e/ou invisíveis apenas sob a ótica humana, excluindo-se conscientemente a existência de Deus. Daí a razão porque a filosofia me irrita. E agora, com o comentariozinho (ou antes, comentariozão) do Victor, estou engasgada.

Pode fazer o favor de me ajudar a ver sentido nisso tudo?
joêzer disse…
vivi,
escolhi falar brevemente da conexão que o filme faz tanto com os escritos sobre o impacto social da mídia como também sua conexão com elementos centrais do cristianismo.
o amigo victor, que conversou comigo sobre música sacra num outro site, manja do riscado filosófico e enxergou que o filme estivesse falando mais de filosofia que propriamente de religião.

o fato é que revi o primeiro filme da série matrix na casa do meu irmão (não pude resistir vê-lo em blu-ray, já que o tinha assistido unicamente em vhs há 9 anos). percebi as conexões mais fáceis que o filme tem com personagens e temas do cristianismo. lendo outras coisas, vi que Matrix tem mais conexões, isso sim, com o gnosticismo (veja o link que indiquei no final do artigo. embora longo e às vezes forçado, vale a pena).
por isso resolvi escrever o texto.
e a filosofia, dependendo de quem traduz os conceitos pra gente, pode ser muito agradável de ler. aliás, todos os campos de conhecimento vieram da filosofia ("amor ao saber", numa tradução rápida), pois ela ajuda a refletir sobre o conhecimento existente e contribui para desenvolver o pensamento sobre várias instâncias da vida.
ou mais ou menos isso.
abraço
joêzer disse…
ah, sim, vivi.
o que você talvez desgoste na filosofia é o modo de escrever dos autores. eu também tenho minhas reservas, pois acho que muitos deles são mestres na arte de fazer enunciados complicados para falar do simples.
mas complicar eu também faço em alguns textos aqui no blog. rsrs
Victor Meira disse…
Po Vivi, foi mal se meu texto te irritou. Respeito muito o teu modo de encarar a vida e o mundo.

Peço desculpas pela irritação.

Beijos.
joêzer disse…
victor, a blogosfera precisa de gentlemen assim.
Victor,
achei o seu texto interessante, mas fico com a impressão de que você conhece mais filosofia do que religião e, por isso, puxou a sardinha para o seu lado...
O filme está extremamente bem montado do ponto de vista da filosofia/religião e tem uma agenda bem própria. Me lembro do susto que levei ao assistí-lo pela primeira vez: empolgadíssimo pelo diálogo inteligente com o espetectador e preocupado pela quantidade imensa de teorias por trás da narrativa, praticamente inacessível ao grande público que iria engolir o espetáculo sem saber o que estava aceitando em função da quantidade e qualidade absurda dos efeitos especiais.
A meu ver este filme visa inculcar uma doutrina/cosmovisão de forma sutil no cotidiano. Algo que, de fato, aconteceu.
Simplificando muito acredito que o filme tinha o intuito de unir um aparente dualismo para combater um mal que ameaça ambos. Este não é um tema novo e vem muito mais do mundo dos mitos religiosos baseados no dualismo do que do mito da caverna de Platão e de Descartes como como você citou. Mostrar a necessidade do mal e do bem e relativizar estes polos tem se tornado cada vez mais 'en vogue' hoje em dia em nosso mundo pós-moderno. A ausência de absolutos leva ao relativismo radical, algo que eu respeito filosoficamente, mas com o qual não posso concordar como Cristão.
A trilogia de 'The Prophecy' é a forma mais explícita de mostrar a agenda que, a meu ver, está por trás deste tipo de filme.
Obviamente isso não é algo novo, pois tanto o zoroastrismo, o gnosticismo, o budismo, etc. promovem esta visão.
A parte referente ao mundo virtual também é mais antiga que a maioria dos filósofos citados, afinal o discurso de Tertulliano no II sec. AD (se não me engano) era que o Cristianismo era superior ao Platonismo, pois Moisés havia concebido o conceito do mundo virtual antes de Socrates e Platão...
não quero irritar a Viviane e por isso paro por aqui, mas acho que existem várias opções de interpretar este filme
um forte abraço
shalom
joêzer disse…
AND MY COMMENTATORS RULE!
espero que os próximos leitores venham até o fundo da caixa de comentários para absorver tudo o que o texto conseguiu suscitar de ideias bem articuladas.
abraçosjo
Victor Meira disse…
Hahaha, que legal, André. Papo bom, mano, bacana.

Aliás, preciso dizer: é natural que eu ache que você, por sua vez, puxe a sardinha para a religião, né? Hahaha.

Como você mesmo disse, o dualismo vem dos mitos. A religião e a filosofia são apenas duas maneiras diferentes de encarar o assunto. :)

Sobre a novidade, concordo: o que o Matrix tem de novo, ou original, é a mistura (digo, o resultante da mistura). Todos os componentes da receita são bons e velhos, retirados do mito, da religião e da filosofia.

Sobre o cristianismo ser "superior" ao platonismo, acho um comentário previsível da sua parte, haha. Pro corintiano, o Corinthians é superior ao Palmeiras. Mas acho bonito defender a bandeira. ;)

E viva a multiplicidade de leituras, né? Acho lindo isso que a arte promove, e é ótimo fazer trocas como essas aqui.

Um abração!
Victor
também estou curtindo ;)
por sinal, não concordo com o argumento de Justino (e não Tertulliano como eu disse). A dicotomia entre o mundo das idéias e do mundo físico é, segundo a Bíblia, algo temporário e não funciona como Platão o explica... além disso o dualismo também é temporário, algo realmente diferente das outras religiões, mitos e filosofias...
Para mim o objetivo deste tipo de filme, literatura ou qualquer outro produto da arte tem o objetivo de levar o espectador a ingerir idéias sutilmente sem avaliação... algo que depois de um tempo se torna senso comum, sem no entanto esta maioria saber de onde veio... soa como teoria de conspiração e, de fato, é... algo que também não é novidade
o conceito do 'Grande Conflito' é um conceito interessante de ser estudado de forma inteligente e cuidadosa
forte abraço e que surjam os bons papos
shalom
Victor Meira disse…
André, acho que sempre acabamos avaliando tudo o que nos chega como informação ou mensagem. Optar por pensar sobre as coisas é sim algo que podemos fazer com a arte, assim como podemos fazer com a religião.

Quase todos os seus argumentos a favor da religião funcionam em relação à arte, da mesma forma que os argumentos contra a arte também funcionam contra a religião. Exemplifico:

Você diz: "a arte tem o objetivo de levar o espectador a ingerir idéias sutilmente sem avaliação... algo que depois de um tempo se torna senso comum, sem no entanto esta maioria saber de onde veio..."

Assim, posso dizer a mesma coisa trocando "a arte" por "a religião" no início, e a gente vai longe trocando tapa, haha.

O que quero dizer é que uma não precisa ser necessariamente oposta à outra. Arte e religião são duas celebrações sublimes da humanidade, duas maneiras de falar com deus.

Pensemos tudo, André!

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