Costumamos falar, pregar e cantar insistentemente sobre a redenção da cruz e a submissão da nossa vida a Cristo. Mas o fato é que, durante a semana, acabamos erguendo um muro que tenta limitar a atuação do “Senhor de nossas vidas”.
Cristo não é o Senhor apenas de nossa prática científica, de nossa obra médica ou de nosso modelo educacional. Ele também é o Senhor de nossa criatividade, de nossas habilidades e competências para a arte.
Se os cristãos costumam submeter as teorias científicas às evidências arqueológicas e também à Bíblia, por que eles não deveriam também moldar sua arte segundo a cosmovisão bíblica, e não como alguém guiado exclusivamente pela coleira das tendências artísticas da moda?
Não quero dizer que haja cristãos fazendo arte sem nenhuma perspectiva bíblica, pois isso é impossível. Todos os artistas cristãos criam a partir de uma cosmovisão com base em uma interpretação bíblica. E essa é a questão: a multiplicidade de interpretações bíblicas gera uma pluralidade de padrões de atuação artística. Cada um crê piamente que está “ministrando” a Palavra de Deus através da sua arte e todos dirão que sua arte é um fim para levar o evangelho aos confins.
Mas os artistas cristãos precisam deixar de agir segundo sua interpretação pessoal da Bíblia e não mais sair por aí debitando polêmicas atuações na conta do “soprar do Espírito” e da "unção extravagante", que os levariam para lá e para cá, sem saber para onde vão. O artista cristão não pode depender de jargão evangeliquês para justificar seu repertório e sua performance.
Se o artista cristão cria a partir de uma cosmovisão, o que ele precisa fazer é alinhar essa visão de acordo com uma interpretação teológica sólida. E um dos conceitos mais sólidos no cristianismo é a interpretação de que Cristo é, além de Salvador, o Senhor.
O direito da salvação em Cristo nos leva à obediência ao senhorio de Cristo. Ainda que os seres humanos sejam falhos em manter essa obediência, devemos olhar para Cristo como o Autor da nossa fé e da nossa criatividade. Se, pela fé, vemos a história da redenção com olhos renovados, nossa criatividade também é renovada quando permitimos que Cristo seja o Senhor da nossa arte.
Comentários
para onde iríamos sem o Artista da nossa vida, não?