A maioria dos filmes sobre a questão escolar sempre amarra as pontas no final da história. A diretora vilã é humilhada, os alunos incorrigíveis se tornam grandes amantes de literatura e música, o professor que supera todos os desafios ou é transferido ou demitido ou tem sua vida pessoal abalada… Ponha no mesmo pacote: Ao mestre com carinho, Sociedade dos poetas mortos, Conrack, Mr. Holland - adorável professor, Escritores da liberdade etc. Estes filmes têm suas qualidades e defeitos em graus variados mas todos incorrem na romantização da vida escolar.
Entre os Muros da Escola reabre a discussão em outro patamar: sem lágrimas, sem musiquinha para emocionar, sem sonhos realizados no final. Afinal, o diretor não é o Augusto Cury.
Pode parecer pessimista ou até niilista. Mas o filme não nos entretém com uma historinha idealizada da relação professor-aluno, não nos tenta convencer da existência de um professor que tudo espera e suporta, não nos dá respostas prontas, não força nossa adesão sentimental, não nos diz olha como é lindo um professor que se entrega de coração à licenciatura.
François Bégaudeau (professor e autor do livro que inspirou o filme) interpreta um professor humano, com suas dúvidas, falhas e acertos na sala de aula. Aliás, o filme é quase inteiramente filmado numa sala de aula, com alunos reais e professores reais que dão nuances à relação professor-aluno raramente vistas no cinema.
A história aponta para a falência de um sistema educacional que não entende a multiculturalidade atual e as novas demandas de afirmação social da juventude. Numa visão macro, aquela sala de aula representa uma França (e uma Europa) repentinamente multiétnica, tendo que exercer seus ditos valores humanistas/cristãos de fraternidade e igualdade, mas às voltas com a intolerância e a xenofobia. De outro lado, Entre os Muros também funciona como um microcosmo de uma sociedade que deu corda ao adolescente e não sabe como fazê-lo se interessar pelo saber escolar e pelas formas clássicas de cultura.
Um filme com jeitão de documentário como esse pode parecer desanimador para muita gente. Isso mostra uma sociedade tão acostumada ao entretenimento que passar a desejar o tratamento meloso de um tema espinhoso e a preferir uma sessão imediatista de catarse a um filme como Entre os Muros, que se propõe a narrar uma história sem velhos artifícios de conquista do espectador.
Sociedade dos poetas… ou Escritores da Liberdade são filmes inspiradores mas, como um bom produto americano, centralizam-se na luta de um indivíduo persistente contra um sistema cruel. Enquanto o também francês Quando Tudo Começa (1999) mostrava com realismo o cotidiano de um professor, Entre os Muros da Escola flagra o convívio diário das relações professor-aluno, aluno-aluno, professor-professor, pais-escola, retratando sessões de confronto e compreensão, preconceito e companheirismo, alargando o campo de visão no entendimento das estratégias educacionais e das perspectivas do estudante adolescente. Nisso reside a força desse grande filme.
Entre os Muros da Escola reabre a discussão em outro patamar: sem lágrimas, sem musiquinha para emocionar, sem sonhos realizados no final. Afinal, o diretor não é o Augusto Cury.
Pode parecer pessimista ou até niilista. Mas o filme não nos entretém com uma historinha idealizada da relação professor-aluno, não nos tenta convencer da existência de um professor que tudo espera e suporta, não nos dá respostas prontas, não força nossa adesão sentimental, não nos diz olha como é lindo um professor que se entrega de coração à licenciatura.
François Bégaudeau (professor e autor do livro que inspirou o filme) interpreta um professor humano, com suas dúvidas, falhas e acertos na sala de aula. Aliás, o filme é quase inteiramente filmado numa sala de aula, com alunos reais e professores reais que dão nuances à relação professor-aluno raramente vistas no cinema.
A história aponta para a falência de um sistema educacional que não entende a multiculturalidade atual e as novas demandas de afirmação social da juventude. Numa visão macro, aquela sala de aula representa uma França (e uma Europa) repentinamente multiétnica, tendo que exercer seus ditos valores humanistas/cristãos de fraternidade e igualdade, mas às voltas com a intolerância e a xenofobia. De outro lado, Entre os Muros também funciona como um microcosmo de uma sociedade que deu corda ao adolescente e não sabe como fazê-lo se interessar pelo saber escolar e pelas formas clássicas de cultura.
Um filme com jeitão de documentário como esse pode parecer desanimador para muita gente. Isso mostra uma sociedade tão acostumada ao entretenimento que passar a desejar o tratamento meloso de um tema espinhoso e a preferir uma sessão imediatista de catarse a um filme como Entre os Muros, que se propõe a narrar uma história sem velhos artifícios de conquista do espectador.
Sociedade dos poetas… ou Escritores da Liberdade são filmes inspiradores mas, como um bom produto americano, centralizam-se na luta de um indivíduo persistente contra um sistema cruel. Enquanto o também francês Quando Tudo Começa (1999) mostrava com realismo o cotidiano de um professor, Entre os Muros da Escola flagra o convívio diário das relações professor-aluno, aluno-aluno, professor-professor, pais-escola, retratando sessões de confronto e compreensão, preconceito e companheirismo, alargando o campo de visão no entendimento das estratégias educacionais e das perspectivas do estudante adolescente. Nisso reside a força desse grande filme.
Comentários
o paradoxo da profissão foi bem lembrado por você.
mas isso é porque estou às vésperas de me licenciar :-)
bem-vinda ao clube!
shalom
edson
esse filme merece.
e obrigado.
Boa leitura a tua.
Abraço!