Ted Wilson, recém-eleito presidente mundial das igrejas adventistas, reiterou "a necessidade de reavivamento e reforma". Algumas pessoas poderão entender que é preciso radicalizar os apelos à reforma dos hábitos alimentares, enquanto outras pensarão que se carece de um novo tipo de culto para reavivar o espírito dos fiéis.
De fato, boa parte dos adventistas precisam experimentar no cotidiano os princípios de saúde oficialmente propostos pela sua igreja, mas sem radicalizações que sugiram perfeccionismo. De outro lado, há real necessidade de um reavivamento espiritual, que não passa por um novo modelo de adoração na liturgia, mas sim pela atitude diária de comunhão durante a semana que precede o culto.
Russell Burrill, em Waking the Dead, escreve sobre o significado de adoração e reavivamento (a tradução é do Pr. Isaac Meira):
"O problema repousa na tentativa de algumas igrejas adventistas de copiar os paradigmas de adoração de outras denominações. Não que esses paradigmas estejam necessariamente errados; mas quando o culto não é desenvolvido a partir da necessidade da congregação, mas através da imposição de um sistema de adoração fora da congregação, então as dificuldades surgem. Algumas pessoas têm sentido que, se elas apenas mudassem o formato de culto, repentinamente, mais pessoas "perdidas" se uniriam à igreja, cumprindo assim a Grande Comissão evangélica. Mas isso raramente acontece.
O culto semanal é significativo apenas se corações forem tocados por Deus durante a semana. Caso contrário, será apenas como artigos ornamentais adicionados à igreja, e não haverá vibração. Apenas mudar o estilo de culto sem mudar os corações dos adoradores não fará nenhum bem. Mas quando o coração das pessoas for liberto pelas boas novas do evangelho de Jesus, então o culto desse povo redimido será vibrante, não importa em qual estilo.
Trazer tambores para a igreja, trocar corais por equipes de louvor, acrescentar batidas rítmicas às músicas – essas coisas não criarão vibração genuína. Elas são artigos inúteis que criarão guerra na igreja se as pessoas não forem reavivadas primeiro. Muitas das coisas mencionadas acima podem ser utilizadas como parte do reavivamento espiritual que ocorre nas igrejas, mas o ponto aqui é: elas devem brotar dos corações renovados, não apenas serem artificialmente acrescentadas na esperança de que tragam vida. Fazer isso é como prender folhas verdes numa árvore morta. Isso pode fazer a árvore parecer vibrante a princípio, mas com o passar do tempo as folhas apodrecem, e a apatia se revelará repulsiva.
(...)
O que eu estou sugerindo aqui é que, quando você está lidando com uma igreja estagnada e declinante, não comece a renovação da igreja com a renovação do culto. Isso deve surgir como resultado de outras restaurações. De outra forma, você vai dividir a igreja e matá-la. O caminho para trazer igrejas de volta à genuína vibração raramente começa com a renovação do culto. Mas o resultado do retorno à vibração é a renovação do culto.
Comentários
A nova adoração vem de corações sinceros que não se prendem á forma e sim á expontaneidade e oportunidade para que todos participem da adoração e não sejam meros expectadores. O novo coração é necessário em todos que acreditam que é mais importante apontar o erro do irmão do que trabalhar para que estejamos de mãos dadas, firmes, quando a nossa redenção chegar.
sinto tê-la desapontado. Mas penso que o texto de Russell Burrill é construtivo no sentido de que ele percebe que não é uma nova forma de adoração que transforma o adorador, mas é o novo adorador que transforma o culto. Dentro de uma liturgia tradicional ou não, é preciso primeiro buscar a conversão do próprio coração. Sem isso, qualquer modelo litúrgico será falho. O culto tradicional será frio e o culto "contemporâneo" será um embuste.