Te Vejo Poeta
Te vejo Poeta quando nasce o dia
E no fim do dia, quando a noite vem
Te vejo Poeta na flor escondida
No vento que instiga mais um temporal
Te vejo Poeta no andar das pessoas
Nessas coisas boas que a vida me dá
Te vejo Poeta na velha amizade
Na imensa saudade que trago de lá
Contudo um poema, Tua obra de arte
Destaca-se à parte numa cruz vulgar
Custando o suplício do Teu Filho amado
Mais alta expressão do ato de amar
Certa vez, a crítica teatral Barbara Heliodora disse que as únicas imagens que não podiam ser criticadas eram as imagens reais da natureza. “Ninguém vê um pôr-do-sol e diz: ah, este pôr-do-sol está muito acadêmico”. De fato, para criticar a natureza é preciso níveis absurdos de rabujice. E quando falo natureza me refiro ao que o ser humano ainda não conseguiu destruir: a formação das nuvens, a alvorada, uma colina, uma árvore.
"Os céus proclamam a glória da criação", cantava Davi, o rei-poeta, quando, maravilhado, ficava a pensar nas obras das mãos criadoras de Deus. Os autores dessa pequena-grande canção, João Alexandre e Guilherme Kerr Neto, deviam estar com a mente repleta de lembranças bonitas do contato rotineiro com a natureza. A pontualidade da maré, o incansável surgir do sol no horizonte, a majestade de uma grande árvore; tudo é tão cotidiano que é fácil perder a capacidade de nos maravilharmos com a natureza.
Os compositores estão aí para nos lembrar que o Criador é muito mais do que um arquiteto. É um Poeta. Um Poeta que espelha Seu amor no Filho e espalha Seu dom nos seres criados.
Te vejo Poeta quando nasce o dia
E no fim do dia, quando a noite vem
Te vejo Poeta na flor escondida
No vento que instiga mais um temporal
A letra da música fala de alguém que é capaz de perceber o Poeta revelado nas obras, como um pintor cuja autoria é identificada nas cores e traços de um quadro. Esse eu-lírico vê a poesia tanto na aurora quanto no entardecer. Isso a canção deixa claro: Deus não está no dia, na noite, no vento, na flor. Antes, é a natureza que manifesta as digitais de um Criador.
Já se disse que o primeiro a rimar flor com amor foi um gênio; o segundo, um plagiador sem criatividade. Os autores de Te Vejo Poeta escapam da rima desgastada. Assim, a última sílaba de um verso nem sempre vai encontrar uma rima no fim do verso seguinte; a rima às vezes está no centro do próximo verso:
E no fim do dia, quando a noite vem
Te vejo Poeta na flor escondida
No vento que instiga mais um temporal
Te vejo Poeta no andar das pessoas
Nessas coisas boas que a vida me dá
Te vejo Poeta na velha amizade
Na imensa saudade que trago de lá
Contudo um poema, Tua obra de arte
Destaca-se à parte numa cruz vulgar
Custando o suplício do Teu Filho amado
Mais alta expressão do ato de amar
Certa vez, a crítica teatral Barbara Heliodora disse que as únicas imagens que não podiam ser criticadas eram as imagens reais da natureza. “Ninguém vê um pôr-do-sol e diz: ah, este pôr-do-sol está muito acadêmico”. De fato, para criticar a natureza é preciso níveis absurdos de rabujice. E quando falo natureza me refiro ao que o ser humano ainda não conseguiu destruir: a formação das nuvens, a alvorada, uma colina, uma árvore.
"Os céus proclamam a glória da criação", cantava Davi, o rei-poeta, quando, maravilhado, ficava a pensar nas obras das mãos criadoras de Deus. Os autores dessa pequena-grande canção, João Alexandre e Guilherme Kerr Neto, deviam estar com a mente repleta de lembranças bonitas do contato rotineiro com a natureza. A pontualidade da maré, o incansável surgir do sol no horizonte, a majestade de uma grande árvore; tudo é tão cotidiano que é fácil perder a capacidade de nos maravilharmos com a natureza.
Os compositores estão aí para nos lembrar que o Criador é muito mais do que um arquiteto. É um Poeta. Um Poeta que espelha Seu amor no Filho e espalha Seu dom nos seres criados.
Te vejo Poeta quando nasce o dia
E no fim do dia, quando a noite vem
Te vejo Poeta na flor escondida
No vento que instiga mais um temporal
A letra da música fala de alguém que é capaz de perceber o Poeta revelado nas obras, como um pintor cuja autoria é identificada nas cores e traços de um quadro. Esse eu-lírico vê a poesia tanto na aurora quanto no entardecer. Isso a canção deixa claro: Deus não está no dia, na noite, no vento, na flor. Antes, é a natureza que manifesta as digitais de um Criador.
Já se disse que o primeiro a rimar flor com amor foi um gênio; o segundo, um plagiador sem criatividade. Os autores de Te Vejo Poeta escapam da rima desgastada. Assim, a última sílaba de um verso nem sempre vai encontrar uma rima no fim do verso seguinte; a rima às vezes está no centro do próximo verso:
Te vejo Poeta na flor escondida /no vento que instiga mais um temporal Te vejo Poeta no andar das pessoas / nessas coisas boas que a vida me dá Te vejo Poeta na velha amizade/ Na imensa saudade que trago de lá
A canção anuncia que há algo mais pra se olhar no andar das pessoas além do balanço de quem vem e que passa a caminho do mar. É o caminhar das pessoas tão diferentes na aparência mas tão semelhantes em seus anseios de felicidade, de sentido na vida.
Numa época de relações passageiras, líquidas, que escoam pelos desvãos do tempo e da egolatria, o companheirismo de uma longa amizade está se ausentando dos relacionamentos humanos. É que grandes amizades raramente se constroem nos escaninhos do orkut. O rodízio de carros é seguido do rodízio de amigos. Os compositores da canção celebram a velha amizade ao mesmo tempo em que já sentem saudade dos amigos distantes.
A música fala da perfeição da natureza e também do homem, “a coroa da glória da Criação". No fim da canção, vemos um outro quadro, sem raios luminosos, sem noites enluaradas, sem flor, mas pintado com as cores dramáticas do sangue. Para além da tragédia do Crucificado, os autores vêem beleza na rudeza da cruz, conhecedores e beneficiários que são do plano de redenção.
Contudo um poema, Tua obra de arte
Destaca-se à parte numa cruz vulgar
Custando o suplício do Teu Filho amado
Mais alta expressão do ato de amar
Aquele Homem de dores desfigurado pela tortura é parte de um poema, de um quadro tão terrível, e ao mesmo tempo tão misterioso, que não pode ser contado entre os feitos artísticos já enunciados pela canção. É uma obra que destaca-se à parte porque não é de criação, mas de redenção. Essa obra é de arte não por causa dos painéis renascentistas e quadros barrocos inspirados pelas cenas da cruz vulgar, mas porque é a mais alta expressão do ato de amar, e “ninguém tem maior amor do que esse: o de dar a própria vida em favor de seus amigos”.
A arte, assim, está na motivação, concepção e execução do plano. Um plano que faz do Criador o Redentor que experimenta a amizade e a inimizade, a infância e a morte, e troca inexplicavelmente de lugar com a criatura. O Grande Poeta escreveu algo trágico demais, mas poemas não falam somente da árvore, mas também do machado que a corta. A Criação dá testemunho da arte do Poeta; a Cruz revela a Sua missão.
Comentários
"Num sonho eu vi alguém
Como se visse um mendigo
De afeto e compreensão
E súplice, pediu-me
Que eu abrisse a ânfora
De unguento e afeição...
E ao peregrino afadigado, eu disse:
"contigo, partirei meu pobre pão
e hei de parti-lo como se partisse
um pedaço do próprio coração"
Então desalterei-lhe a sede ardente
Cobri o corpo nu, mas de repente
Ao despedir-Se, vi Seu rosto em luz!
Vi que era diferente
Seu cabelo, seu porte...
Estremeci em reconhecê-lo!
Não era pobre algum!
Era... Jesus!"
Que o Deus-homem, que habitou entre nós, nos inspire a todos a enxergar poesia em cada ato de Sua mão. E que o louvor flua de nossos lábios ao contemplar Suas obras!
Abraços