O que esperar de um show em que as pessoas vão ao teatro Kodak para escolher o melhor filme? Que seja mais do que um trocadilho ruim.
É curioso como americano consegue fazer filmes divertidos a partir de um fiapo de história (e histórias repetidas) mas não consegue tornar a cerimônia do Oscar interessante. Talvez aí esteja o problema: ou é uma cerimônia ou é divertido. As duas coisas juntas são tão inconciliáveis como "suaves prestações", "paz no Rio", "Corinthians campeão da Libertadores", etc.
Ruim: as piadinhas dos apresentadores são fracas. Pior: você tem que ser brasileiro e assistir as piadinhas do Oscar na voz marcante da tradução simultânea da TNT. Muito pior: você ainda tem que ouvir os comentários pertinentes de José Wilker (Globo) e Rubens Ewald Filho (TNT). Pelo menos ainda não tem os comentários do craque Neto.
Nesse ano, o Brasil concorreu com o documentário Lixo Extraordinário. Com esse título, eu não sabia se era só um filme nacional ou o conjunto da obra do cinema tupiniquim.
E os troféus do Oscar foram justos? Merecimento e justiça é o que menos existe ali. Se até Roberto Begnini (A vida é bela) já ganhou como melhor ator em 1999 é porque não dá pra levar o Oscar a sério (o equivalente é José Sarney ganhar o Nobel de Literatura).
Houve injustiças irreparáveis, como a ausência de José Serra na lista de indicados a melhor ator junto com a bolinha de papel na lista de efeitos visuais. Fora que o programa eleitoral do PT deveria ganhar com folga o Oscar de melhor maquiagem.
Ainda não vi O discurso do rei, que ganhou o Oscar de melhor filme. Mas vi o belíssimo Toy Story 3 e duvido que Hollywood tenha feito coisa melhor no ano passado.
O outro favorito a melhor filme era aquele sobre o garoto do Facebook, A rede social, um retrato sem photoshop de uma geração que criou um programa para ajuntar pessoas no mundo virtual e ao mesmo tempo segue carente de relacionamentos reais. Mas os eleitores do Oscar "não curtiram" isso.
Pelas resenhas de críticos e blogueiros, O discurso do rei logo será esquecido, enquanto A rede social pode virar um marco. Se isso se confirmar, o segundo ainda estará em ótima companhia, como frisou Steven Spielberg ao anunciar o vencedor:
- As vinhas da ira (1940), retrato da depressão americana, não ganhou.
- Juventude Transviada (1955), que sinalizava para as mudanças entre os jovens, não ganhou.
- Todos os homens do presidente (que não pôs panos quentes no caso Watergate) e Rede de intrigas (que satirizava a guerra pelos índices de audiência na tv) perderam em 1977 para Rocky, o lutador.
- Apocalypse Now e seu imenso painel da loucura de qualquer guerra, não ganhou.
- Os Eleitos (1983), sobre os efeitos da corrida espacial, não ganhou.
- A ternura de ET e a denúncia das ditaduras Desaparecido perderam em 1983.
- No ano de Show de Truman e O resgate do soldado Ryan, ganhou Shakespeare apaixonado.
Nenhum desses grandes filmes perdeu para filmes ruins. Mas hoje parece piada, não? E como toda piada de Oscar...
É curioso como americano consegue fazer filmes divertidos a partir de um fiapo de história (e histórias repetidas) mas não consegue tornar a cerimônia do Oscar interessante. Talvez aí esteja o problema: ou é uma cerimônia ou é divertido. As duas coisas juntas são tão inconciliáveis como "suaves prestações", "paz no Rio", "Corinthians campeão da Libertadores", etc.
Ruim: as piadinhas dos apresentadores são fracas. Pior: você tem que ser brasileiro e assistir as piadinhas do Oscar na voz marcante da tradução simultânea da TNT. Muito pior: você ainda tem que ouvir os comentários pertinentes de José Wilker (Globo) e Rubens Ewald Filho (TNT). Pelo menos ainda não tem os comentários do craque Neto.
Nesse ano, o Brasil concorreu com o documentário Lixo Extraordinário. Com esse título, eu não sabia se era só um filme nacional ou o conjunto da obra do cinema tupiniquim.
E os troféus do Oscar foram justos? Merecimento e justiça é o que menos existe ali. Se até Roberto Begnini (A vida é bela) já ganhou como melhor ator em 1999 é porque não dá pra levar o Oscar a sério (o equivalente é José Sarney ganhar o Nobel de Literatura).
Houve injustiças irreparáveis, como a ausência de José Serra na lista de indicados a melhor ator junto com a bolinha de papel na lista de efeitos visuais. Fora que o programa eleitoral do PT deveria ganhar com folga o Oscar de melhor maquiagem.
Ainda não vi O discurso do rei, que ganhou o Oscar de melhor filme. Mas vi o belíssimo Toy Story 3 e duvido que Hollywood tenha feito coisa melhor no ano passado.
O outro favorito a melhor filme era aquele sobre o garoto do Facebook, A rede social, um retrato sem photoshop de uma geração que criou um programa para ajuntar pessoas no mundo virtual e ao mesmo tempo segue carente de relacionamentos reais. Mas os eleitores do Oscar "não curtiram" isso.
Pelas resenhas de críticos e blogueiros, O discurso do rei logo será esquecido, enquanto A rede social pode virar um marco. Se isso se confirmar, o segundo ainda estará em ótima companhia, como frisou Steven Spielberg ao anunciar o vencedor:
- As vinhas da ira (1940), retrato da depressão americana, não ganhou.
- Juventude Transviada (1955), que sinalizava para as mudanças entre os jovens, não ganhou.
- Todos os homens do presidente (que não pôs panos quentes no caso Watergate) e Rede de intrigas (que satirizava a guerra pelos índices de audiência na tv) perderam em 1977 para Rocky, o lutador.
- Apocalypse Now e seu imenso painel da loucura de qualquer guerra, não ganhou.
- Os Eleitos (1983), sobre os efeitos da corrida espacial, não ganhou.
- A ternura de ET e a denúncia das ditaduras Desaparecido perderam em 1983.
- No ano de Show de Truman e O resgate do soldado Ryan, ganhou Shakespeare apaixonado.
Nenhum desses grandes filmes perdeu para filmes ruins. Mas hoje parece piada, não? E como toda piada de Oscar...
Comentários
Como vc pode dizer que o Oscar não curtiu se foi nomeado um tanto de vezes? Claro que o Oscar curtiu!
Eu ainda levo o Oscar a sério, pelo menos bem mais do que outros prêmios por aí (Grammy & Cia.), embora sempre tenha achado as escolhas do Golden Globe mais acertadas.
O programa foi fraco pelo apresentador fraco (apresentadora foi ok) e pelas expecativas exageradas; o tema foi bem interessante (passado dos filmes e do Oscar), e a apresentadora foi ok. Mas quem já viu Billy Crystal sabe que a apresentação pode fazer a diferença, sim.
E o que vc quer de alguem que acaba de ganhar o maior premio da sua área? Agradecimentos normalmente nao muito interessantes, a nao ser um ou outro "f" word.
O Oscar todo ano chama a atenção para filmes que passariam batidos se não fosse o Oscar, e só por isso vale a pena. Nunca teria assistido, apenas nos anos recentes, filmes como Milk, The Wrestler, The Blind Side, Revolutionary Road e até mesmo The King's Speech, alem de muitos outros. Em geral, filmes indicados ao Oscar tem qualidade... nem importa direito quem leva o prêmio máximo, como o Oscar mesmo disse ontem na apresentação de melhor filme: "O filme a ser anunciado agora entrará numa lista junto com blablabla; e os outros entrarão numa outra lista com Citizen Cane, blablabla (outros filmaços que não levaram)... and that's what i'm talking about!
- a indústria leva muito a sério o Oscar. o Oscar é superestimado. inclusive pela crítica que não gosta muito dele, você está certo.
- ano passado foi mais ou menos com o alec baldwin e o steve martin. stand-up americano é fraquinho no oscar.
- não sei onde vc leu que critiquei o discurso de quem ganhou um oscar. se eu ganhasse um prêmio desses eu ficaria bem feliz tb.
- o Oscar como banca (chique) de feira de filmes já tá ótimo.
- por fim, esse é um texto de humor, man. aguarde meu artigo científico a respeito do Oscar. rsrs
abraços