“Por um mundo melhor: fora Globo e Record”. Este poderia ser um slogan das redes de televisão concorrentes. Entretanto, há pouco vestígio de vida inteligente tanto dentro quanto fora da órbita das duas emissoras que estão em litígio desde a fundação do tubo de imagem. O melhor da Globo é o canal Futura; o melhor da Record é atazanar a vida da Globo.
A briga entre Globo e Record é antiga e começa em meados dos anos 1960. O histórico dessa batalha encarniçada tem picos de refrega e momentos de trégua, mas nunca deixou de existir. No entanto, elas não são inimigas porque são diferentes. Ao contrário, são irmãs gêmeas separadas no nascimento.
Uma das maiores atrações da Record nos anos 60 era o modelo de festival de música popular. Dali saíram do anonimato para a glória, e da glória para o exílio, muitos dos reconhecidos compositores da canção nacional. A Record também mostrou a nova cara da Jovem Guarda, jovens artistas tidos como rebeldes na época, mas que hoje (e até naquele tempo) seriam “o genro/a nora que a mamãe queria ter”. Quando a Globo entrou em cena, os musicais voltaram à moda, embora sem o mesmo viço, já que tragava-se naqueles dias o amargo cale-se da ditadura.
Há mais: a Globo é acusada de ter nascimento bastardo, de ser filha de um acordo espúrio entre o governo militar e o clã de Roberto Marinho. E é inegável que o Jornal Nacional passou duas décadas silenciando sobre os desaparecimentos de opositores ao regime, e mesmo que uma parte destes descambasse para o terrorismo, não poderiam ser vítimas de tortura e morte promovidas oficialmente por um governo.
Contudo, nos anos 70, enquanto o telejornal global cooperava para a propagação da mentira do “esse é o país que vai pra frente”, a telenovela apurava a acidez da crítica em suas histórias de prefeitos bem-amados e corruptos. Era pouco, era ficção, mas dava-se o recado.
De outro lado, a Record é acusada de ter nascimento ilícito, de ser filha de um acordo espúrio entre o mercado e a fé dos bispos da Igreja Universal. E se a denúncia de derrama de grana proveniente do narcotráfico na compra da Record se confirmar, os líderes indiciados da Universal acabarão cumprindo o que está no evangelho dos ateus: “a religião é o pior dos males”.
A Globo transmite a missa do papa e a Record transmite a benção do bispo. Os fiéis da Universal não suportam o papo do papa, mas tratam seu bispo como infalível. Mas para liderar a audiência não se pode chutar a Santa Globo, já se sabe. Então, a Record contrata a peso de prêmio da loteria um caminhão de técnicos, jornalistas e artistas que passaram pela Globo. A receita de sucesso da rival é copiada nos mínimos detalhes, da edição dos programas aos apresentadores. Tudo a ver: nada há de novo debaixo do sol nem dentro da tela.
Veja só a que ponto se chegou na mistura intragável de fé, comércio, política e canal de TV: ambas as redes se acham o deus da comunicação e ambas chamam uma a outra de diabo.
No meio da artilharia, o espectador. A Globo quer uma audiência fiel, a Record quer um fiel contribuidor. A religião da Globo aparece três vezes por ano: no Natal, no Criança Esperança e nas novelas com bons e puros personagens espiritualistas. Começa a musiquinha, “hoje é um novo dia...”, o espectador contribui e lava a alma como nova criatura doadora. A Record varre sua religião para depois da meia-noite, hora em que seus bispos e pastores vão exorcizar todos os capetas que atravancam a vida não do descrente, mas do pouco crente. Não basta ter fé, tem que ter muita fé, fé que move montanhas de dinheiro nos estádios, nas igrejas e, segundo o Ministério Público, nos paraísos fiscais. À sua maneira, ambas as redes vão convertendo as massas. Afinal, espectador bom é espectador convertido.
A verdadeira religião nunca foi nem será o batismo de dinheiro ou a defesa insustentável de um líder carismático. Mas Deus conhece os corações honestos e sinceros dos que estão em qualquer igreja (e também fora delas). Aos fiéis que se sentirem lesados, voltem à Bíblia: “Examinai as Escrituras” – elas dão testemunho de Cristo e de Sua vontade. Talvez descubram que Deus não é esse ser mesquinho que só abençoa o homem se este encher os cofres da igreja. Deus tem um paraíso que não é fiscal e onde não há indulgências que comprem Sua justiça nem mesmo com cartão de crédito sem limites.
A briga entre Globo e Record é antiga e começa em meados dos anos 1960. O histórico dessa batalha encarniçada tem picos de refrega e momentos de trégua, mas nunca deixou de existir. No entanto, elas não são inimigas porque são diferentes. Ao contrário, são irmãs gêmeas separadas no nascimento.
Uma das maiores atrações da Record nos anos 60 era o modelo de festival de música popular. Dali saíram do anonimato para a glória, e da glória para o exílio, muitos dos reconhecidos compositores da canção nacional. A Record também mostrou a nova cara da Jovem Guarda, jovens artistas tidos como rebeldes na época, mas que hoje (e até naquele tempo) seriam “o genro/a nora que a mamãe queria ter”. Quando a Globo entrou em cena, os musicais voltaram à moda, embora sem o mesmo viço, já que tragava-se naqueles dias o amargo cale-se da ditadura.
Há mais: a Globo é acusada de ter nascimento bastardo, de ser filha de um acordo espúrio entre o governo militar e o clã de Roberto Marinho. E é inegável que o Jornal Nacional passou duas décadas silenciando sobre os desaparecimentos de opositores ao regime, e mesmo que uma parte destes descambasse para o terrorismo, não poderiam ser vítimas de tortura e morte promovidas oficialmente por um governo.
Contudo, nos anos 70, enquanto o telejornal global cooperava para a propagação da mentira do “esse é o país que vai pra frente”, a telenovela apurava a acidez da crítica em suas histórias de prefeitos bem-amados e corruptos. Era pouco, era ficção, mas dava-se o recado.
De outro lado, a Record é acusada de ter nascimento ilícito, de ser filha de um acordo espúrio entre o mercado e a fé dos bispos da Igreja Universal. E se a denúncia de derrama de grana proveniente do narcotráfico na compra da Record se confirmar, os líderes indiciados da Universal acabarão cumprindo o que está no evangelho dos ateus: “a religião é o pior dos males”.
A Globo transmite a missa do papa e a Record transmite a benção do bispo. Os fiéis da Universal não suportam o papo do papa, mas tratam seu bispo como infalível. Mas para liderar a audiência não se pode chutar a Santa Globo, já se sabe. Então, a Record contrata a peso de prêmio da loteria um caminhão de técnicos, jornalistas e artistas que passaram pela Globo. A receita de sucesso da rival é copiada nos mínimos detalhes, da edição dos programas aos apresentadores. Tudo a ver: nada há de novo debaixo do sol nem dentro da tela.
Veja só a que ponto se chegou na mistura intragável de fé, comércio, política e canal de TV: ambas as redes se acham o deus da comunicação e ambas chamam uma a outra de diabo.
No meio da artilharia, o espectador. A Globo quer uma audiência fiel, a Record quer um fiel contribuidor. A religião da Globo aparece três vezes por ano: no Natal, no Criança Esperança e nas novelas com bons e puros personagens espiritualistas. Começa a musiquinha, “hoje é um novo dia...”, o espectador contribui e lava a alma como nova criatura doadora. A Record varre sua religião para depois da meia-noite, hora em que seus bispos e pastores vão exorcizar todos os capetas que atravancam a vida não do descrente, mas do pouco crente. Não basta ter fé, tem que ter muita fé, fé que move montanhas de dinheiro nos estádios, nas igrejas e, segundo o Ministério Público, nos paraísos fiscais. À sua maneira, ambas as redes vão convertendo as massas. Afinal, espectador bom é espectador convertido.
A verdadeira religião nunca foi nem será o batismo de dinheiro ou a defesa insustentável de um líder carismático. Mas Deus conhece os corações honestos e sinceros dos que estão em qualquer igreja (e também fora delas). Aos fiéis que se sentirem lesados, voltem à Bíblia: “Examinai as Escrituras” – elas dão testemunho de Cristo e de Sua vontade. Talvez descubram que Deus não é esse ser mesquinho que só abençoa o homem se este encher os cofres da igreja. Deus tem um paraíso que não é fiscal e onde não há indulgências que comprem Sua justiça nem mesmo com cartão de crédito sem limites.
Comentários
Mas vai dizer... o olhar 666 do Collor aí ém baixo não é o mesmo olhar do Bela Lugosi?
você será sempre bem-vinda.
"mesmo olhar do bela lugosi". bem notado.
O que nos resta?? rsrsrs
acho que só vai nos restar desligar a tv. humpf!