Como apresentar Deus para um mundo que é tão superficialmente religioso? Como falar de Deus para uma sociedade que celebra a inexistência de Deus? Quem ainda quer ouvir de religião, se tantos, em Seu nome, fazem da fé uma profissão, envergonhando o simples evangelho de Cristo, prometendo o paraíso para quem pagar mais e primeiro?
Como falar de Deus, se a cruz pende no colo da moça desnuda, se o bispo chuta a santa, se a santa é uma ilusão de pedra, se a primeira pedra é atirada pelo bispo? Como falar de Deus para o pobre que quer doar pra ficar rico e para o rico que se esqueceu de Quem lhe deu?
Por que tantos se escondem em músicas, vestes e enfeites e se disfarçam feito agentes secretos para que ninguém saiba da sua fé? Por que se escondem, por que não vivem o que cantam?
Quando falar de Deus, se tantos gritam Seu nome pelas ruas durante o dia e muitos só querem a embriaguez do entretenimento durante a noite? Por que ainda falar, se tantos O aceitam ao entrar na igreja e outros tantos O negam ao entrar em casa?
Entre as respostas possíveis estão os versos de Cecília Meireles:
Falai de Deus com a clareza
da verdade e da certeza:
com um poder
de corpo e alma que não possa
ninguém, à passagem vossa,
não o entender.
Falai de Deus brandamente,
que o mundo se pôs dolente,
tão sem leis.
Falai de Deus com doçura,
que é difícil ser criatura:
bem o sabeis.
Falai de Deus de tal modo
que por Ele o mundo todo
tenha amor
à vida e à morte, e de, vê-Lo,
o escolha como modelo superior.
Com voz, pensamentos e atos
representai tão exatos
os reinos seus,
que todos vão livremente
para esse encontro excelente.
Falai de Deus.
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